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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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Para Fome Zero, projeto era "controverso"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto original do Fome Zero, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha ao Planalto, não chega a uma conclusão sobre a eficácia do Programa Nacional do Leite para Crianças Carentes. No texto, o programa do governo José Sarney aparece como uma "experiência controvertida".
Ainda assim inspirou, como o Food Stamp norte-americano, a idéia de distribuir cupons de alimentação às famílias pobres, idéia arquivada nos primeiros meses de governo Lula.
Independentemente da avaliação técnica que se fazia do programa do governo Sarney, o então candidato ao Planalto se comprometeu com a distribuição de leite no palanque.
Há registro de que a promessa tenha sido feita pelo menos uma vez, no final de agosto do ano passado, já na reta final da disputa. "É mais uma promessa de campanha que estamos cumprindo", diz o ministro José Graziano.

Pastoral
No capítulo sobre combate à desnutrição, o projeto Fome Zero nem sequer menciona a distribuição do leite.
Em vez disso, aplaude a experiência da Pastoral da Criança, que combate a mortalidade infantil em bolsões de miséria por meio de atividades com a comunidade e da multimistura (farinha enriquecida), a baixo custo. Um detalhe: o programa da multimistura foi recentemente desmontado no Ministério da Saúde.
O governo Sarney tinha mais ou menos o mesmo tempo de vida que o governo Luiz Inácio Lula da Silva quando o programa do leite foi lançado. E foi alvo de críticas até dentro de sua equipe.
O então ministro Aníbal Teixeira, da Secretaria Especial de Ação Comunitária, tachou o programa de paternalista.
"Nós preferimos ensinar a pescar a simplesmente dar o peixe", dizia à época.
O programa não resistiu ao primeiro ano de governo Collor (90-92). Foi suspenso em janeiro de 1991, depois que um relatório da Polícia Federal e do Ministério da Ação Social apontou graves indícios de desvio e fraude.

Produção
Enquanto o programa durou, a produção nacional de leite pulou de quase 12,5 bilhões de litros por ano para pouco mais de 15 bilhões de litros anuais.
Já o consumo médio por habitante registrou sua melhor marca em 96, quando não havia nenhum programa oficial de distribuição de leite, mas a renda do brasileiro havia melhorado. (MS)


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