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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU
Câmara só conseguirá votar dois ou três processos neste ano se STF retardar tramitação
Izar diz a Jobim que liminar pró-Dirceu adiaria cassações
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética da Câmara, Ricardo Izar
(PTB-SP), disse ontem ao presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), ministro Nelson Jobim,
que o eventual atraso na tramitação do processo de cassação do
mandato do deputado José Dirceu (PT-SP) irá retardar o andamento de todos os outros processos disciplinares no conselho.
Izar expôs esse risco político ontem a Jobim, em um último esforço para tentar evitar que uma liminar do STF a Dirceu, a ser decidida hoje, obrigue o conselho a
ouvir novamente testemunhas e
votar um novo relatório e, portanto, force o adiamento da votação da cassação no plenário da
Câmara, prevista para hoje.
"Se voltar para o Conselho de
Ética, vai atrasar não apenas o
processo do deputado José Dirceu, como todos os outros", declarou o deputado.
Ele afirmou que, sem interferência judicial, poderão ser votados neste ano sete ou oito processos de cassação de deputados federais acusados de envolvimento
no mensalão. Caso uma liminar
adie o desfecho do processo contra Dirceu, esse número cairá para
apenas dois ou três.
Sepúlveda Pertence
O ministro do STF Sepúlveda
Pertence dará hoje o voto decisivo
sobre a concessão ou não de liminar pedida pelo deputado petista
e ex-ministro da Casa Civil. Na semana passada, a votação ficou
empatada entre os dez ministros
presentes à sessão.
Se Pertence decidir pela concessão da liminar a Dirceu, os ministros ainda precisarão decidir
quais serão os efeitos da medida.
Jobim deverá defender a proposta
do ministro Cezar Peluso, mais
prejudicial a Dirceu. Por essa interpretação, o relatório pela cassação poderá ser votado ainda hoje
se forem suprimidos dele os trechos que citam o depoimento da
presidente do Banco Rural, Kátia
Rabello, sobre o suposto tráfico
de influência na Casa Civil.
Anteontem o advogado de Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, distribuiu um memorial aos 11 ministros do STF insistindo na necessidade de a liminar adiar a votação no plenário para o retorno
do processo ao Conselho de Ética,
conforme sugeriu o ministro
Marco Aurélio de Mello.
Polêmica
A polêmica jurídica em torno
do depoimento de Kátia Rabello é
porque ela foi a última testemunha ouvida pelo conselho e fez
acusações contra Dirceu. A defesa
disse que novas testemunhas indicadas por ele deveriam ter sido
inquiridas em seguida para contestar as afirmações dela. Sem isso, teria havido cerceamento do
direito de ampla defesa.
O Conselho de Ética nega a necessidade de seguir esse rito, dizendo que o processo de cassação
de mandato é político e que por
isso não segue as mesmas regras
de uma ação penal. Durante a votação no STF, a ministra Ellen
Gracie afirmou que a defesa teve
oportunidade de se manifestar
após o depoimento de Rabello.
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