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SEM SIGILO
Ministério passa por varredura da PF
da Redação
O ministro Luiz Carlos Bresser
Pereira (Administração) classificou ontem como "lamentável" a
descoberta do que parece ser um
grampo no telefone de seu gabinete. A central telefônica do prédio passará por varredura amanhã à noite.
"Isso é uma prática generalizada no Brasil, infelizmente", afirmou Bresser, que deixou a apuração do caso a cargo de seu chefe de gabinete, José Walter Bastos. O ministro não sabe se haverá abertura de inquérito e disse
não ter idéia de quem possa ser o
autor do grampo.
A varredura será feita por agentes da Polícia Federal.
O suposto grampo foi descoberto há dez dias por uma empresa especializada na venda de
equipamentos para escuta telefônica. A empresa estava demonstrando a assessores do ministro
como funcionava o aparelho antigrampo, usado para detectar e
desativar grampos telefônicos.
O primeiro telefone testado foi
justamente o do ministro, que fica em seu gabinete e é usado para
conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Bresser disse que há um segundo telefone em seu gabinete, o
qual só FHC utiliza quando precisa falar urgentemente com ele,
que não foi grampeado.
Ao acoplar o aparelho na linha
telefônica, a luz que indica a existência do grampo acendeu.
Apesar do teste positivo, Bastos
afirmou que só será possível ter
certeza de que o telefone estava
grampeado depois da varredura
feita pela PF.
"Mesmo que tudo indique que
há grampo, a própria empresa
nos alertou para o fato de que a
luz pode ter acendido porque a
nossa central não é totalmente
compatível com o sistema deles",
disse Bastos.
Segundo ele, a luz do detector
de grampo usado no ministério
acende sempre que há variação
de voltagem na linha. "Essa variação pode ter sido causada pelo
grampo, mas também é possível
que seja fruto dos sistemas incompatíveis."
A PF tentará também localizar
a origem do grampo.
Os assessores de Bresser decidiram fazer o teste na linha do
ministro porque ela não era criptografada -com aparelhos que
embaralham a voz da pessoa.
"Aqui no Mare não há nenhuma linha criptografada. Na verdade, nunca nos preocupamos
com grampos. Mas depois do caso do grampo no BNDES, ficamos mais alertas", disse Bastos.
A preocupação com um possível grampo no telefone privativo
de Bresser aumentou porque,
durante o período eleitoral, Bresser ficou encarregado da arrecadação de fundos para a campanha à reeleição de FHC.
Na opinião do general Alberto
Cardoso (Casa Militar), a existência de várias escutas ilegais
em órgãos públicos (BNDES, PF
e no telefone do ministro de
Bresser Pereira) não significa que
há um complô contra o governo.
"São interesses individuais."
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