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CONEXÃO TUCANA
Tesoureiro diz à PF que Valério cobrou Azeredo
ANDRÉA MICHAEL
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à Polícia Federal, o administrador Cláudio
Mourão da Silveira disse que o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) recebeu o publicitário Marcos Valério de Souza para discutir
dívidas da campanha de 1998,
quando o tucano disputou a reeleição para o governo de Minas.
No depoimento, colhido em 13
de dezembro, Mourão afirmou:
"Marcos Valério, diversas vezes,
solicitou ao declarante que obtivesse audiência com o sr. Eduardo Azeredo; porém, as reuniões
não foram bem-sucedidas para
Marcos Valério, sendo, pelo contrário, conflitantes, não se chegando a um acordo sobre a dívida
reclamada pelo publicitário".
Procurado pela Folha ontem,
Mourão disse que foram "quatro
ou cinco encontros", entre 1999 e
o final de 2001. "O Eduardo não
aceitava a dívida, não tinha como
pagar. Marcos Valério ficou na
expectativa de que o Eduardo pudesse achar uma forma de pagar,
mas [isso] não [aconteceu]."
A pendência cobrada, cujo valor
principal era de R$ 9 milhões, irrigou o caixa dois da campanha tucana em Minas, segundo Mourão.
O dinheiro seria fruto de um empréstimo tomado por Valério no
Banco Rural, em 1998, por meio
da DNA, uma de suas empresas.
Azeredo disse ontem, por meio
de sua assessoria, que tomou conhecimento do empréstimo
quando "foi cobrado, quando virou dívida", sem especificar em
que momento isso aconteceu.
Em agosto, quando se tornou
público o uso de caixa dois em sua
campanha, Azeredo, então presidente do PSDB, divulgou nota na
qual se afirmava "que [ele] desconhecia o empréstimo feito pela
agência DNA no Banco Rural".
Conforme a quebra de sigilos
telefônicos obtida pela CPI dos
Correios, houve 53 chamadas do
telefone celular de Marcos Valério
para Azeredo e mais duas no sentido inverso entre 2001 e 2002.
Na ocasião, o senador atribuiu
as chamadas a "conversas" sobre
"política", além de um trabalho
experimental que Valério teria
feito para a campanha de 2002,
mas que foi descartado.
Em depoimento à já extinta CPI
do Mensalão, em agosto, Marcos
Valério afirmou que esteve duas
vezes com Azeredo para tratar da
pendência relativa à campanha.
Azeredo sempre atribuiu ao tesoureiro Mourão a responsabilidade pela tomada do empréstimo
bancário e pelo uso de caixa dois.
Lobista
Tesoureiro da campanha de
Azeredo em 1998, Mourão admite
ter usado um caixa dois de R$ 10
milhões, com base no dinheiro repassado por Marcos Valério.
Ainda no depoimento, Mourão
"afirma peremptoriamente" não
ter feito um documento segundo
o qual o número verdadeiro da
contabilidade paralela de Azeredo seria de R$ 91,5 milhões.
Perícia do Instituto Nacional de
Criminalística concluiu que não
houve montagem do documento,
que chegou às mãos da PF por
meio do lobista mineiro Nilton
Monteiro. Mourão será convocado para novo depoimento.
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