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Na fazenda Rio da Liberdade, fiscais descobrem trabalhadores escravos
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Na primeira ação deste ano de
combate ao trabalho análogo à escravidão, 38 trabalhadores foram
libertados de uma fazenda -chamada Rio da Liberdade- em Cumaru do Norte (1.021 km de Belém), no sul do Pará.
Os fiscais do Ministério do Trabalho chegaram à fazenda na
quarta-feira. Encontraram os
peões trabalhando para pagar sua
comida, remédios e instrumentos
de trabalho, artigos que o próprio
fazendeiro deveria fornecer.
Os trabalhadores rurais disseram que, desde que haviam chegado ao local, em novembro,
eram vigiados por um "gato" (como são chamados os aliciadores
de mão-de-obra) armado.
Segundo os fiscais do Ministério
do Trabalho, o "gato" Luiz Andrade, conhecido como Tocantins, mantinha na fazenda Rio da
Liberdade um revólver, uma carabina e duas espingardas.
Ele foi preso em flagrante pela
Polícia Federal, que acompanhou
a operação, mas foi solto após o
pagamento de R$ 400 de fiança.
Como não estava com as armas
em mãos, ele não foi autuado por
porte ilegal de arma.
Ameaças
Os trabalhadores disseram aos
fiscais que sofriam ameaças de
Andrade, que não foi localizado
pela reportagem. Os peões dormiam em barracões de plástico,
bebiam água em um lodaçal e não
tinham equipamentos de proteção individual, segundo os fiscais.
Além do "gato" armado, a distância da região também impedia
os trabalhadores de abandonar a
fazenda. Redenção, o município
mais próximo, fica a cerca de 300
quilômetros (ou sete horas e meia
de carro) da fazenda.
O trabalho análogo à escravidão
é caracterizado por presença de
seguranças armados, sistema de
endividamento, intermediação de
mão-de-obra ou restrição do direito de ir e vir do trabalhador.
Apenas um desses elementos no
ambiente de trabalho é suficiente
para configurar esse tipo de exploração, segundo a lei.
Na segunda-feira, haverá a negociação para o pagamento das
rescisões trabalhistas.
O Ministério do Trabalho calcula que irá exigir aproximadamente R$ 80 mil para regularizar a situação de todo o grupo.
O proprietário da fazenda, Flavio Pinho de Almeida, não foi encontrado para comentar o caso.
Seu advogado, Marcelo Carmelengo, foi procurado ontem em
seu escritório, por telefone, mas
não respondeu às ligações da reportagem.
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