São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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OPERAÇÃO ANACONDA

Polícia vai investigar denúncias

Rocha Mattos acusa delegados e agentes da PF de irregularidades

DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, que está preso sob a acusação de vender sentenças judiciais, acusou ontem delegados e agentes da Polícia Federal da prática de irregularidades.
Após o depoimento, o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, disse que irá instaurar inquérito na próxima segunda-feira para investigar a veracidade das denúncias feitas pelo juiz.
O depoimento durou mais de seis horas e foi acompanhado pela procuradora da República Janice Ascari. Segundo ela, o juiz utilizou-se do interrogatório para se defender das acusações que lhe são imputadas pela Operação Anaconda. "Nada do que foi dito chama a atenção", disse Ascari.
Ela e o superintendente da PF se recusaram a dizer os nomes dos policiais citados pelo juiz, sob a alegação de que não existe nenhuma prova contra essas pessoas.
A advogada de Rocha Mattos, Daniela Pellin, também não revelou os nomes das pessoas acusadas por seu cliente. Disse que não estava autorizada a fazê-lo.
Ela também não revelou as situações irregulares citadas por Rocha Mattos. Disse apenas que são "coisas pretéritas e presentes" e afirmou que um dos delegados que participou da busca e apreensão realizada em 30 de outubro de 2003 pela Operação Anaconda responde a um processo criminal.
Questionada sobre se a participação dele na operação é ilegal, a advogada respondeu que não.
Segundo ela, o depoimento de seu cliente versou sobre "irregularidades administrativas, fraudes e abuso de poder" por parte de delegados e agentes da Polícia Federal. "Há provas documentais que serão juntadas oportunamente", disse a advogada.
Pellin disse que será "uma surpresa" quando o depoimento de Rocha Mattos se tornar público. E disse que o próximo depoimento será sobre irregularidades no Judiciário, mais especificamente no TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região (em São Paulo) e "nos tribunais de Brasília" [em referência ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça)].
A Folha apurou que Rocha Mattos seguiu um roteiro que ele próprio havia preparado anteriormente. Disse que as interceptações telefônicas da Operação Anaconda foram ilegais.


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