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No Senado, candidatos já esperam "traições"
Renan (PMDB), que tenta a reeleição, e Agripino (PFL) contabilizam mudanças de votos tanto na base aliada quanto na oposição
Apoiado pelo Planalto, peemedebista pode ficar com três votos do PSDB e com três do PFL; já pefelista espera apoios do PMDB
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dois dias da eleição para a
presidência do Senado, os candidatos Renan Calheiros
(PMDB-AL) e José Agripino
(PFL-RN) contavam ontem
com deserções anunciadas tanto na base aliada quanto na
oposição.
Pelos apoios divulgados, Renan teria 45 votos e Agripino
35, além de um voto em branco
do PSOL. Esse placar, no entanto, não deve ser mantido na
votação secreta em plenário
devido às esperadas traições
dos dois lados.
Nesse cálculo não estão, por
exemplo, um esperado voto do
PT em Agripino seis possíveis
votos do PSDB e do PFL em Renan. Nesse grupo estariam os
pefelistas Efraim Morais (PI),
Romeu Tuma (SP) e Edison Lobão (MA), além dos tucanos Álvaro Dias (PR), Papaléo Paes
(AP) e Flexa Ribeiro (PA).
Renan é apoiado pelo Palácio
do Planalto e há dois anos foi o
candidato de consenso da Casa.
Na época ele foi eleito por 72
votos a 4. Desta vez, o PFL quis
fazer um contraponto ao governo e lançou a candidatura de
Agripino, que é apoiado oficialmente pelo PSDB. Os tucanos,
no entanto, preferiam que não
houvesse disputa.
Entre os novos senadores,
Fernando Collor de Mello
(PRTB-AL) foi um dos que declarou voto em Renan. O peemedebista foi líder do governo
Collor na Câmara dos Deputados e foi também o primeiro
político a romper com o ex-presidente da República.
Collor afirmou que sua relação com Renan é "muito boa".
"Estivemos um período afastados mas nos reencontramos.
Apoiarei decididamente [sua
reeleição]", disse ele.
Na bancada do PMDB, Garibaldi Alves Filho (RN) e Jarbas
Vasconcelos (PE) anunciaram
que votarão em Agripino. O primeiro é aliado do pefelista no
Estado e o segundo lidera um
grupo independente no partido. Agripino também deve ter o
apoio de Mão Santa (PI) e de
Almeida Lima (SE).
Na base aliada, Agripino deve
contar ainda com o voto de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR),
que é adversário do líder do governo, senador Romero Jucá
(PMDB-RR). "O voto é secreto", desconversa Mozarildo.
Troca de gabinete
Na busca por votos até os gabinetes do Senado estão servindo de moeda de troca. O senador José Maranhão (PMDB-PB) pediu o gabinete pessoal de
Renan, que considera melhor
do que o seu, para votar em seu
correligionário. E foi atendido.
Na oposição há uma deserção
anunciada. O PSDB liberou
João Tenório (AL), suplente do
governador Teotônio Vilela,
para votar em Renan, já que os
dois são aliados no Estado.
Os quatro senadores do PDT,
que foram oposição no primeiro mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, vão apoiar
Renan em troca da presidência
da Comissão de Educação para
o senador Cristovam Buarque
(PDT-DF) e de um cargo na
Mesa Diretora.
Apesar do favoritismo, Renan passou o dia ontem recebendo senadores para certificar-se dos votos.
Já Agripino divulgou um manifesto, encaminhado a todos
os senadores. "Minha candidatura à presidência do Senado
não é uma proposta oposicionista. Ela se define acima das
ideologias e dos partidos, e em
favor do fortalecimento da instituição", diz o documento.
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