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Senado fica sem luz, e Lobão Filho assume
Como a Casa está em recesso, posse do filho do ministro de Minas e Energia ocorreu no gabinete de Garibaldi Alves
Lobão Filho disse que não
apresentou provas de que
não foi o responsável pelas
fraudes na Bemar porque
cúpula do DEM não estava lá
HUDSON CORRÊA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Edison Lobão Filho (DEM-MA) assumiu o cargo de senador sem apresentar documentos comprovando que não usou
uma empregada doméstica como laranja para fugir de dívidas
com impostos e o Banco do
Nordeste. Lobão Filho assumiu
a vaga do pai, Edison Lobão
(PMDB-MA), nomeado ministro de Minas e Energia.
Em três entrevistas à Folha,
Lobão Filho disse que antes de
tomar posse apresentaria os
documentos: "Quero assumir
limpo". Ele assumiu o cargo
por volta das 17h no gabinete
do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN),
na presença do líder do PTB na
Casa, Epitácio Cafeteira (MA).
A posse ocorreu no gabinete
de Garibaldi porque o Senado
está em recesso -normalmente, os senadores assumem seus
mandatos em sessões da Casa.
Vinte minutos antes da posse, faltou energia e as luzes ficaram apagadas no gabinete de
Garibaldi e em metade da sala
de audiências. Quando Lobão
Filho chegou não havia luz. Segundo servidores do Senado,
houve uma sobrecarga de energia que gerou uma pane elétrica em parte do gabinete.
Embora tenha tomado posse
como senador do DEM, Lobão
Filho anunciou que sairá do
partido. Ele disse que recebeu
convites para se filiar ao PR,
PTB e PMDB, mas que ainda
não se decidiu. Pelo PTB, foi
Cafeteira quem fez o convite.
Já pelo PMDB, a oferta partiu "do senador José Sarney e
de outros dois senadores". Mas
há resistências dentro do partido. Há cerca de um mês, a senadora Roseana Sarney prometeu que Lobão Filho se licenciaria para que o segundo suplente, Remi Ribeiro (PMDB-MA), ficasse com a vaga. Antes
de assumir a pasta de Minas e
Energia, Edison Lobão também chegou a declarar que seu
filho não exerceria o mandato,
abrindo espaço para Ribeiro.
Ontem, integrantes da bancada mostraram preocupação
com a posse repentina de Lobão Filho. Alguns senadores temem que o ingresso dele no
partido desgaste o partido.
Há duas semanas, surgiu a
acusação de que Lobão Filho
transferiu em 1998 ações de
sua empresa, a Bemar Distribuidora de Bebidas, para uma
empregada doméstica. Ela disse que não sabia da transferência. Segundo laudo da Polícia
Federal, a empregada teve assinatura falsificada. A Bemar deve R$ 5,5 milhões ao Banco do
Nordeste, por empréstimo tomado em 1997, quando Lobão
Filho era sócio da empresa.
Lobão Filho disse que a responsabilidade pela transferência das ações para a empregada
doméstica foi de "seu verdadeiro sócio" na Bemar, o empresário Marco Antonio Pires Costa.
O empresário confirmou a versão do senador.
Segundo Lobão Filho, Costa
assinou documento assumindo
a responsabilidade pela fraude
e pelas dívidas da Bemar. Esse
documento, com a confissão de
Costa, e mais certidões, comprovando o funcionamento legal da empresa, seriam apresentados antes da posse.
"Eu fiquei de apresentar os
documentos primeiro ao meu
partido. Só que o [presidente]
do meu partido, deputado Rodrigo Maia, não está aqui e o senador José Agripino, também
não. Vou aguardar a volta deles
e vou apresentar os devidos esclarecimentos. Ao Senado, vou
apresentar depois de apresentar ao meu partido", afirmou.
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