São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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Para ajudar Dilma, Lula dá R$ 1 bi para saúde

Investimento na instalação de 500 UPAs pelo país é aposta petista para se contrapor à gestão de Serra como ministro da pasta

Uma das principais vitrines da gestão de Cabral (PMDB) no Rio, Unidades de Pronto Atendimento ajudaram a eleger Eduardo Paes prefeito


RAPHAEL GOMIDE
CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO

Para criar um projeto de saúde a ser explorado na campanha da pré-candidata Dilma Rousseff à Presidência, o governo federal investe R$ 1 bilhão em 500 unidades da UPA (Unidades de Pronto Atendimento), contêineres equipados como postos de saúde que, após superexposição na TV, ajudaram a eleger Eduardo Paes (PMDB) prefeito do Rio em 2008.
A gestão de Lula vai investir R$ 990 milhões nas unidades, espalhadas por todos os Estados -à exceção do Amapá. Trata-se da principal aposta petista para se contrapor à gestão do ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB), provável rival de Dilma na disputa sucessória.
O montante é a soma dos R$ 600 milhões aplicados em 2009 com os R$ 390 milhões previstos para 2010. Há 290 UPAs com recursos federais em instalação no país. A execução das obras é responsabilidade de Estados e municípios. Até hoje, apenas nove estão inauguradas e operando.
O governo do Rio também pretende abrir em seis meses quase o mesmo número de UPAs que abriu em três anos. Depois de inaugurar 24 unidades até 2009 (quatro em 2007, 16 em 2008 e quatro em 2009), vai implantar mais 21 unidades neste ano eleitoral.
Todas devem estar prontas até julho, prazo-limite de inaugurações por conta do pleito. As UPAs -ao lado da chamada "pacificação" de morros do Rio- serão a bandeira da tentativa de reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), que tem o apoio de Lula.

Parceria
O Rio é um dos principais parceiros do pacote bilionário federal, recebendo R$ 223 milhões -mais de um quinto do total nacional. Uma das unidades foi entregue na última segunda-feira, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio), ao custo de R$ 3,7 milhões.
Presente na ocasião, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) anunciou que vai "expandir para o Brasil todo" o modelo aplicado no Rio. "Nossa meta é colocar em funcionamento até o final do ano 500 UPAs em todo o Brasil. Trezentas já estão autorizadas e grande parte delas, em construção."
De acordo com ele, as UPAs irão qualificar o sistema de saúde e resolver o deficit de atendimento, principalmente nas regiões metropolitanas do país.
A favor do modelo, o principal dado é a estatística do Rio, apontando que 99,4% dos casos atendidos foram resolvidos nas unidades -só 0,6% (24.269) dos 3,94 milhões de pacientes atendidos precisaram ser removidos para hospitais.
Para Temporão, ao lado do Programa de Saúde da Família, do Samu e de hospitais de referência, as UPAs pretendem "acabar com aquela cena triste de filas intermináveis, ao relento, sem acolhimento, com desconforto, colocando em risco a saúde da população".
A Secretaria de Saúde do Estado do Rio afirma que o resultado desafogou em 30% a procura pelas emergências de hospitais públicos.


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