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SUCESSÃO
"Eu perguntei se a minha candidatura servia ao país. Todos foram unânimes em dizer que sim", afirma
Ciro começa a buscar apoio de empresários
da Sucursal de Brasília
O pré-candidato do PPS à
Presidência da
República, Ciro
Gomes, começou sua investida junto ao empresariado. Almoçou recentemente com Antonio Ermírio de Moraes (Votorantim) e, na quarta-feira passada,
com um grupo de empresários em
São Paulo.
"Eu perguntei se a minha candidatura servia ao país. Todos foram
unânimes em dizer que sim, para
ajudar no debate nacional", disse
Ciro num jantar com jornalistas
em Brasília, quinta-feira.
Ele não revelou nomes, mas a
Folha apurou que estavam no almoço, na sede do Banco Garantia,
Jorge Paulo Lemann (Garantia),
Eugênio Staub (Gradiente), Paulo
Cunha (Ultra) e um irmão de Benjamin Steinbruch (CSN/Vale do
Rio Doce) que é do setor têxtil.
Também participaram Max Feffer (Suzano), Cosette Alves
(ex-Mappin) e o publicitário
Eduardo Fischer (Fischer, Justus).
"Os empresários acharam que
iam abrir o bolso, tirar o talão de
cheque e me dar uns R$ 50 mil para
ficarem livres de mim. Mas eu não
queria dinheiro. Queria discutir
idéias", relatou Ciro. "Acho que
eles gostaram da conversa."
Também participou o professor
Mangabeira Unger, guru da candidatura Ciro, que praticamente não
se manifestou. O almoço foi acompanhado apenas de água mineral e
guaraná da Brahma, empresa do
Grupo Garantia.
Fricção
Ciro marcou para maio o início
da radicalização da campanha. Será o que classifica de "fase de fricção" e terá como alvo preferencial
o presidente Fernando Henrique
Cardoso. "Vou bater duro contra
o modelo e o estilo caótico de governar do Fernando Henrique,
mas sem ataques pessoais, sem
baixarias", disse Ciro no jantar.
Sua expectativa é chegar a maio
com 14% nas pesquisas. Hoje, tem
em torno de 9%.
Segundo ele, as pesquisas indicam que haverá segundo turno,
pois FHC só tem 35% agora e sua
popularidade costuma cair em
maio, por causa do sempre pequeno reajuste do salário mínimo.
O principal desafio de Ciro é desbancar Luiz Inácio Lula da Silva
(provável candidato do PT) do segundo lugar das pesquisas. Mas,
para isso, seu alvo tem de ser FHC.
"Se eu crescer à custa da queda
do Lula, não adianta nada. Tenho
de tirar voto é do Fernando", disse. "Lula não é um adversário, é
um obstáculo", acrescentou.
Ciro chamou o presidente várias
vezes de "professor Cardoso", repetindo uma ironia do ex-presidente Jânio Quadros contra FHC,
seu adversário na campanha à prefeitura de São Paulo em 85. "Ele
(FHC) odeia isso", disse, rindo.
Ciro também tenta driblar a falta
de espaço nas redes nacionais de
TV, ocupando outros segmentos:
jornais regionais e TVs locais.
"Quando apareço numa cidade
do interior, viro uma grande atração. Ganho primeira página e espaço nos telejornais", disse.
Um dos principais trunfos de Ciro Gomes na campanha é a televisão, mas ele só terá quatro minutos diários e a propaganda eleitoral
foi restrita a "apenas 21 dias".
Ele rejeita sistematicamente
comparações com o ex-presidente
Fernando Collor: "Os 26% de eleitores que me conhecem sabem que
não sou corrupto. Mas e o resto, o
que vai achar?"
Convencido de que o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) não
será candidato, ele diz que pretende conversar isoladamente com os
peemedistas de oposição.
No caso do Ceará, a equação é
curiosa: "Tasso Jereissati apóia
FHC no plano nacional e eu o
apóio no plano regional", disse Ciro, ex-governador do Estado.
O nível da campanha presidencial não poderá inviabilizar futuras negociações entre FHC e Ciro,
o PSDB e o PPS. "Se ganharmos,
vamos precisar de fortes canais
com FHC e os tucanos. Se eles ganharem, vão ter uma interlocução
à altura na esquerda", disse o senador Roberto Freire (PPS-PE), que
acompanhava Ciro.
(ELIANE CANTANHÊDE, FERNANDO
RODRIGUES e LYDIA MEDEIROS)
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