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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS
Escrivão que foi levar notificação da comissão a amigo de Lula o viu no Sebrae depois de secretária ter dito que ele teria ido viajar
Okamotto simula viagem para não atender CPI
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto, se escondeu de um escrivão da Polícia Federal para evitar ser intimado para participar
da acareação com o ex-militante
petista Paulo de Tarso Venceslau
na CPI dos Bingos, na próxima
terça-feira. Informado no Sebrae
de que Okamotto estaria viajando, o policial acabou surpreendendo-o no local.
Ex-tesoureiro de campanha do
PT e amigo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Okamotto é
acusado por Venceslau de montar
um esquema de arrecadação de
recursos irregulares em prefeituras administradas pelo PT na década de 90.
Na segunda-feira, Okamotto já
havia conseguido uma liminar no
Supremo Tribunal Federal para
não ir à acareação, inicialmente
marcada para a terça-feira, dia 28.
O escrivão da PF fez um relato
por escrito sobre a tentativa de
Okamotto de não assinar uma
nova intimação. O documento foi
lido pelo presidente da CPI dos
Bingos, Efraim Morais (PFL-PB),
no começo da sessão de ontem.
O escrivão, que auxilia os trabalhos da CPI, foi encarregado de
entregar a intimação a Okamotto
anteontem na sede do Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), em
Brasília.
"Fui inicialmente impedido de
acessar o gabinete da presidência
do órgão, sob a alegação que o Sr.
Paulo Okamotto encontrava-se
em viagem e não havia ninguém
competente para receber o documento", relatou Rodrigues.
A intimação acabou sendo oficialmente recebida por Janaína
Lopes, secretária da chefia-de-gabinete da presidência do Sebrae.
"Após obter o recebido, às
17h34, em cópia do original, encaminhei-me para a saída do Sebrae, quando resolvi retornar ao
gabinete para corrigir um erro
material no "recebido" efetuado
pela sra. Janaína na cópia da intimação", diz o relato.
Ao voltar, Rodrigues diz ter visto Okamotto, "que se dirigia ao
seu gabinete pessoal". Ele não insistiu para que o presidente do Sebrae assinasse a intimação.
Equívoco
O advogado de Okamotto, Luís
Justiano Arantes, afirmou que,
"por equívoco da assessoria" do
Sebrae, o escrivão da PF foi informado de forma errada que o ex-tesoureiro já não se encontrava na
sede do Sebrae por volta das
17h30.
Segundo Arantes, como Okamotto tinha um vôo marcado para Belo Horizonte com horário de
embarque previsto para as 17h12,
a assessoria "achou" que ele já teria viajado para Minas, onde participou ontem de um evento promovido pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Os integrantes da CPI -inclusive da base de apoio ao governo-
mostraram-se irritados com Okamotto. "Está virando moda mentir para a CPI", disse Efraim. "Trata-se de um ato irresponsável",
afirmou Tião Viana (PT-AC).
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), negociou o adiamento da votação
do requerimento de convocação
do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, que
confessou ter participado da violação do sigilo bancário do caseiro
Francenildo dos Santos Costa.
A CPI também aprovou cinco
requerimentos ontem. Um deles
solicita à Caixa a relação dos vencedores da Mega Sena em todos
os concursos desde 1997.
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