São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS

Escrivão que foi levar notificação da comissão a amigo de Lula o viu no Sebrae depois de secretária ter dito que ele teria ido viajar

Okamotto simula viagem para não atender CPI

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, se escondeu de um escrivão da Polícia Federal para evitar ser intimado para participar da acareação com o ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau na CPI dos Bingos, na próxima terça-feira. Informado no Sebrae de que Okamotto estaria viajando, o policial acabou surpreendendo-o no local.
Ex-tesoureiro de campanha do PT e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Okamotto é acusado por Venceslau de montar um esquema de arrecadação de recursos irregulares em prefeituras administradas pelo PT na década de 90.
Na segunda-feira, Okamotto já havia conseguido uma liminar no Supremo Tribunal Federal para não ir à acareação, inicialmente marcada para a terça-feira, dia 28.
O escrivão da PF fez um relato por escrito sobre a tentativa de Okamotto de não assinar uma nova intimação. O documento foi lido pelo presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), no começo da sessão de ontem.
O escrivão, que auxilia os trabalhos da CPI, foi encarregado de entregar a intimação a Okamotto anteontem na sede do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em Brasília.
"Fui inicialmente impedido de acessar o gabinete da presidência do órgão, sob a alegação que o Sr. Paulo Okamotto encontrava-se em viagem e não havia ninguém competente para receber o documento", relatou Rodrigues.
A intimação acabou sendo oficialmente recebida por Janaína Lopes, secretária da chefia-de-gabinete da presidência do Sebrae.
"Após obter o recebido, às 17h34, em cópia do original, encaminhei-me para a saída do Sebrae, quando resolvi retornar ao gabinete para corrigir um erro material no "recebido" efetuado pela sra. Janaína na cópia da intimação", diz o relato.
Ao voltar, Rodrigues diz ter visto Okamotto, "que se dirigia ao seu gabinete pessoal". Ele não insistiu para que o presidente do Sebrae assinasse a intimação.

Equívoco
O advogado de Okamotto, Luís Justiano Arantes, afirmou que, "por equívoco da assessoria" do Sebrae, o escrivão da PF foi informado de forma errada que o ex-tesoureiro já não se encontrava na sede do Sebrae por volta das 17h30.
Segundo Arantes, como Okamotto tinha um vôo marcado para Belo Horizonte com horário de embarque previsto para as 17h12, a assessoria "achou" que ele já teria viajado para Minas, onde participou ontem de um evento promovido pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Os integrantes da CPI -inclusive da base de apoio ao governo- mostraram-se irritados com Okamotto. "Está virando moda mentir para a CPI", disse Efraim. "Trata-se de um ato irresponsável", afirmou Tião Viana (PT-AC).
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), negociou o adiamento da votação do requerimento de convocação do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso, que confessou ter participado da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
A CPI também aprovou cinco requerimentos ontem. Um deles solicita à Caixa a relação dos vencedores da Mega Sena em todos os concursos desde 1997.


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