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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO
Presidente de comissão quer ajuda de Lula para tentar convencer petistas a não tentar derrubar o relatório de Osmar Serraglio
PT diz que apresentará relatório paralelo
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Moderados da base aliada e da
oposição querem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convença parlamentares do PT a negociar mudanças pontuais no relatório final da CPI dos Correios,
em vez de apresentar um documento paralelo. O temor é que o
radicalismo inviabilize a conclusão dos trabalhos.
O presidente da CPI, senador
Delcídio Amaral (PT-MS), tentaria ontem agendar audiências
com Lula e com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). A
votação do relatório está marcada
para a próxima terça-feira.
O líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), anunciou na
manhã de ontem que o partido
apresentará um relatório alternativo. Os petistas receberam o
apoio da base aliada.
"Não há amparo legal para caracterizar que a fonte do caixa
dois tenha sido dinheiro público.
As empresas de Marcos Valério
recebiam dinheiro de várias origens", afirmou o líder do PL, deputado Luciano Castro (RR).
A argumentação feita a Lula é
que o desgaste do governo será
maior derrubando o relatório de
Osmar Serraglio (PMDB-PR) do
que mantendo o texto, com algumas alterações. A principal alegação para persuadir o presidente é
que ele foi poupado no relatório.
Assim que Serraglio acabou de
ler o relatório final, na noite de anteontem, integrantes da oposição
e do PT na CPI se reuniram para
discutir alterações no texto. Participaram da conversa os deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ),
Antônio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA), Maurício Rands (PT-PE) e José Eduardo Cardozo (PT-SP). Delcídio esteve presente.
Temendo a aprovação de um
relatório paralelo ou simplesmente a inexistência de um documento conclusivo, a oposição está disposta a negociar. Apesar de PSDB
e PFL lucrarem politicamente caso os governistas ajam dessa forma, representantes desses partidos na CPI consideram que também sairão respingados.
"Dediquei dez meses à CPI, cinco à sub-relatoria de fundos de
pensão. Não quero que isso seja
jogado fora", disse ACM Neto.
Moderados do PSDB e do PFL
aceitam substituir pedidos de indiciamento como os dos ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e
Luiz Gushiken (Comunicação de
Governo) por pedidos de investigação ao Ministério Público. Eles
também não vão insistir na inclusão do nome de Fábio Luiz Lula
da Silva, filho do presidente.
Não há acordo, no entanto, para
reduzir o "mensalão" a caixa dois,
e não compra de apoio parlamentar, como está no relatório. Tucanos e pefelistas também não aceitam suprimir do texto a afirmação de que dinheiro público, no
caso da Visanet, foi desviado.
O presidente da CPI afirmou
que, no procedimento de votação,
os parlamentares poderão fazer
votos em separado, por meio dos
quais podem ser feitas alterações
pontuais ou globais. No segundo
caso, que equivale a um relatório
paralelo, é preciso derrubar primeiro o documento de Serraglio.
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