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Procuradoria pede que Sarney devolva ganhos acima do teto
Senador acumula aposentadorias que fazem vencimentos extrapolarem o limite
Além do salário de senador, de R$ 16.500, presidente do Senado ganha mais de R$ 35 mil em aposentadorias obtidas no Maranhão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
pediu ontem que o presidente
do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), devolva os recursos recebidos por ele nos últimos cinco anos que fizeram
com que seus rendimentos
mensais ultrapassassem o teto
salarial do funcionalismo público, hoje em R$ 26.723.
A ação civil pública, apresentada pela Procuradoria Regional do DF na Justiça Federal de
Brasília, foi motivada por reportagem da Folha que, em
agosto do ano passado, revelou
que Sarney recebe mensalmente ao menos R$ 52 mil.
Além do salário de senador
(R$ 16.500), ele acumula duas
aposentadorias no Maranhão
que totalizavam em 2007 o valor de R$ 35.560,98, segundo
documento obtido pela Folha.
Sarney recebe os benefícios
como ex- governador do Estado (1966-1970) e ex-funcionário do Tribunal de Justiça local.
Procurada pela reportagem,
a assessoria de imprensa da
presidência do Senado afirmou
que, segundo entendimento do
Tribunal de Contas da União, o
acúmulo de recursos recebidos
de esferas de governo ou de poder distintas é "aceitável".
"Existe vácuo na Constituição. O TCU diz que é aceitável
esse acúmulo até que se faça
uma lei com regras sobre o tema", afirmou a assessoria.
Atualmente, Senado e Câmara consideram isoladamente
cada salário recebido por parlamentar ou funcionário para o
cálculo do limite.
O argumento é contestado
pelo procurador responsável
pelo caso, Francisco Guilherme Vollstedt Bastos. Ele afirma
que a Constituição é "clara", ao
estabelecer que deve ser considerada a soma dos valores.
"Seria absurdo aceitar que os
valores recebidos pelo senador
fossem considerados isoladamente. Também é inaceitável a
separação dos valores conforme a fonte pagadora, uma vez
que todos advém do poder estatal", diz o procurador.
(FELIPE SELIGMAN)
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