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JANIO DE FREITAS
Temor inútil
O presidente da República está no Brasil. Não se
sabe por quanto tempo, de modo que é conveniente não perder
a oportunidade e fazer logo
uma breve passagem de olhos
no governo.
Se não considerarmos os ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e alguns setores
da Saúde, só se pode constatar
que o governo está parado há
meses, com os restantes ministérios, sobretudo os das ações de
investimento, levando a vidinha
mansa do que se há de fazer.
O da Indústria, sem política
industrial, até que se mexe como um vendedor, mas o êxito
das exportações se explica melhor pelo momento de intensa
animação do mercado importador no mundo todo. Como em
tantos outros períodos. Já o outro vendedor, o maníaco da soja, dito da Agricultura, só faz
contar as perdas de safra e de
dólares.
Além dos citados, há uns 30
ministérios. Sem que isso signifique que haja mais governo. Exceto, para fazer justiça, no da
Cultura, com um ministro que
podemos ver, pela TV, em atividade incessante. Com seus
shows para as platéias do mundo.
Da explosão demográfica que
é o enxame de petistas dentro e
à volta da Presidência da República, não sai uma iniciativa,
uma ideiazinha nova. Sai apenas dinheiro grosso, para alimentar aquela massa improdutiva e para gastos de propaganda, cujo único proveito só pode
ser visto nos balanços de certas
agências de publicidade.
O presidente, certo, anda muito ocupado, com sua predileção
pelo exterior, em procurar compradores externos para produtos brasileiros. Efeito, sem dúvida, de não haver ainda percebido a diferença entre ser empresário e ser presidente da República.
Como a área de ação política
prega a absoluta unidade dos
governistas, não age mais nem
melhor do que seus colegas de
governo. Como conseqüência,
paralisa a Câmara, que nada
faz, do tanto que deve, desde o
ano passado, pelo menos. O Senado quebra o galho das aparências, graças ao melhor QI de
um pequeno grupo. Mas, sem a
Câmara, não chega a convencer
da existência de um Legislativo,
como recomendou a Constituição. Mesmo porque um país em
que a legislação é feita por medidas provisórias, lançadas a
granel pela Presidência da República, o verdadeiro Legislativo é o Executivo. E o denominado Legislativo é uma casa de
muitos empregos, sem obrigação de trabalho e nem sequer de
comparecimento, e outras e incontáveis benesses.
Lula, José Dirceu, Aloizio Mercadante temem que a oposição
"use a CPI para desestabilizar o
governo". O temor não se justifica. O governo já se desestabilizou por conta própria.
Parceiros
Lula tinha uma entrevista
agendada para sua chegada ao
Brasil. Cancelou-a, simplesmente, sem explicação. Desnecessária, aliás. Todos sabemos que ao
contato com jornalistas perguntadores, ligeiro embora, Lula
prefere o convívio com os Robertos Jeffersons.
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