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CPI DOS BINGOS
Okamotto não prova saques para quitar a dívida de Lula
Prazo para explicações à CPI
venceu; oposição vê afronta
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vencida a prorrogação de
prazo concedida pela CPI dos
Bingos, Paulo Okamotto -amigo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e presidente do
Sebrae- não comprovou os saques que teria feito para pagar a
dívida de R$ 29,4 mil que Lula
tinha com o PT.
Okamotto assumiu a responsabilidade pelo pagamento da
dívida no início de agosto do
ano passado. Naquele momento, a oposição já investigava o
uso de dinheiro do caixa dois do
PT ou do "valerioduto" para
saldar a dívida logo depois de
Lula assumir o mandato no Palácio do Planalto.
Durante mais de nove meses,
Okamotto prometeu que iria
comprovar que o dinheiro tinha saído de suas contas. Simultaneamente, conseguiu
bloquear, por meio de decisões
liminares no STF (Supremo
Tribunal Federal), a quebra de
seu sigilo bancário. O prazo para dar explicações à CPI dos
Bingos venceu no dia 28.
Desistência
Ontem, seu advogado disse
que desistira de mandar informações sobre os saques ao Senado por causa de supostas indicações de que o relator da
CPI dos Bingos, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), pediria o indiciamento de seu cliente.
Marcos Perez impôs algumas
condições para responder a um
requerimento aprovado pela
CPI no início do ano: "É importante que a CPI receba as explicações [de Okamotto] com
abertura, e não com parcialidade", afirmou.
Ainda de acordo com o advogado de Okamotto, a relação de
saques não foi encaminhada
antes para a CPI porque estava
faltando um documento do
Banco do Brasil.
Críticas
O comportamento de Okamotto atraiu críticas na tribuna
do Senado. "Será que ele está
fabricando o documento?", ironizou o senador da oposição Álvaro Dias (PSDB-PR), que classificou a falta de resposta ao requerimento do Senado "um
desrespeito e uma afronta" à
CPI dos Bingos.
O requerimento, aprovado
em uma alternativa à quebra do
sigilo bancário do amigo de Lula, cobra comprovantes de saída de dinheiro de contas bancárias de Okamotto.
O principal problema na explicação preliminar do presidente do Sebrae é que os saques
que teria feito não coincidem
com os valores ou as datas dos
pagamentos da dívida de Lula.
À Folha, no mês passado,
Okamotto afirmou ter feito saques no valor de R$ 45 mil entre os meses de setembro de
2003 e março de 2004, embora
a dívida só começasse a ser paga em dezembro.
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