São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 2006

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CPI DOS BINGOS

Okamotto não prova saques para quitar a dívida de Lula

Prazo para explicações à CPI venceu; oposição vê afronta

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vencida a prorrogação de prazo concedida pela CPI dos Bingos, Paulo Okamotto -amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente do Sebrae- não comprovou os saques que teria feito para pagar a dívida de R$ 29,4 mil que Lula tinha com o PT.
Okamotto assumiu a responsabilidade pelo pagamento da dívida no início de agosto do ano passado. Naquele momento, a oposição já investigava o uso de dinheiro do caixa dois do PT ou do "valerioduto" para saldar a dívida logo depois de Lula assumir o mandato no Palácio do Planalto.
Durante mais de nove meses, Okamotto prometeu que iria comprovar que o dinheiro tinha saído de suas contas. Simultaneamente, conseguiu bloquear, por meio de decisões liminares no STF (Supremo Tribunal Federal), a quebra de seu sigilo bancário. O prazo para dar explicações à CPI dos Bingos venceu no dia 28.

Desistência
Ontem, seu advogado disse que desistira de mandar informações sobre os saques ao Senado por causa de supostas indicações de que o relator da CPI dos Bingos, Garibaldi Alves (PMDB-RN), pediria o indiciamento de seu cliente.
Marcos Perez impôs algumas condições para responder a um requerimento aprovado pela CPI no início do ano: "É importante que a CPI receba as explicações [de Okamotto] com abertura, e não com parcialidade", afirmou.
Ainda de acordo com o advogado de Okamotto, a relação de saques não foi encaminhada antes para a CPI porque estava faltando um documento do Banco do Brasil.

Críticas
O comportamento de Okamotto atraiu críticas na tribuna do Senado. "Será que ele está fabricando o documento?", ironizou o senador da oposição Álvaro Dias (PSDB-PR), que classificou a falta de resposta ao requerimento do Senado "um desrespeito e uma afronta" à CPI dos Bingos.
O requerimento, aprovado em uma alternativa à quebra do sigilo bancário do amigo de Lula, cobra comprovantes de saída de dinheiro de contas bancárias de Okamotto.
O principal problema na explicação preliminar do presidente do Sebrae é que os saques que teria feito não coincidem com os valores ou as datas dos pagamentos da dívida de Lula.
À Folha, no mês passado, Okamotto afirmou ter feito saques no valor de R$ 45 mil entre os meses de setembro de 2003 e março de 2004, embora a dívida só começasse a ser paga em dezembro.


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