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PT quer usar CPI em SP para apurar relação Alstom-PSDB
Partido aproveita investigação sobre Eletropaulo para apurar pagamento de propina
Secretário de Energia de Covas, David Zylberstajn, foi convocado pela CPI, que pode chamar ainda Andrea Matarazzo e Mauro Arce
Silva Junior/Folha Imagem
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O governador José Serra inaugura estação de tratamento de esgoto no município de Mococa
DA REPORTAGEM LOCAL
A bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo
decidiu se valer de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) já instalada -a CPI da
Eletropaulo- para investigar o
possível envolvimento de tucanos em um esquema de pagamento de propinas pela multinacional francesa Alstom.
Como documentos enviados
ao governo brasileiro pelo Ministério Público da Suíça indicam que um contrato realizado
pela Eletropaulo, entre 1997 e
1998, está sob investigação, o
PT vai aproveitar a existência
dessa CPI para apurar possíveis
irregularidades no processo de
privatização da empresa. A Eletropaulo foi privatizada em
1998, na gestão de Mario Covas.
Presidida pelo petista Antônio Mentor, a CPI da Eletropaulo foi instalada no ano passado e tem funcionamento previsto até 30 de junho. Embora o
PT seja minoria na comissão, o
líder do partido na Assembléia,
Roberto Felício, afirma que a
convocação de David Zylberstajn, secretário de Energia do
governo Covas, já foi aprovada.
"Vamos apresentar ainda o
requerimento de convocação
de Andrea Matarazzo e do
Mauro Arce", avisou Felício.
Atual secretário municipal
de Coordenação de Subprefeituras, Matarazzo ocupou a Secretaria de Energia de fevereiro
a agosto de 1998, em meio ao
processo de privatização da
Eletropaulo. Foi sucedido por
Arce, hoje secretário de Transportes de José Serra (PSDB).
Segundo os documentos enviados ao Brasil, empresas
"offshore" teriam sido utilizadas para repassar, entre 1998 e
2001, até R$ 13,5 milhões em
propinas para políticos e autoridades de SP, em valores atualizados. No período, o Estado
foi governado pelos tucanos
Mario Covas e Geraldo Alckmin. Segundo reportagem do
jornal "O Estado de S. Paulo"
publicada ontem, as comissões
teriam sido pagas pela Alstom
em troca da assinatura de contratos em São Paulo. As suspeitas são de que os pagamentos
foram feitos por intermédio de
serviços de consultoria que
nunca existiram.
Segundo os documentos, essas "comissões" foram formalizadas por meio de contratos de
consultoria de abril a outubro
de 1998, período em que a Alstom e a Eletropaulo tratavam
da expansão do metrô.
A obra seria de instalação de
subestações para fornecimento
de energia ao metrô. No período, foram secretários de Energia três nomes ligados ao PSDB.
David Zylberstajn, que era genro do então presidente Fernando Henrique Cardoso, deixou a
pasta em janeiro para assumir a
Agência Nacional de Petróleo.
Além da convocação, o PT
ameaça entrar na Justiça para
obter, no TCE (Tribunal de
Contas do Estado), acesso a um
contrato do Metrô com a Alstom. O partido também enviará
ao Ministério Público todos os
processos do TCE referentes ao
grupo Alstom.
Das seis "offshores", duas
eram administradas por brasileiros, ainda segundo "O Estado de S. Paulo". A MCA Uruguay Ltda, com sede nas Ilhas
Virgens Britânicas, teria recebido R$ 8,7 milhões. Quem administrava a empresa era Romeu Pinto Junior, segundo a
documentação.
Outra empresa com sede nas
Ilhas Virgens Britânicas, a Taltos Ltda, teria recebido cerca de
R$ 3 milhões, em valores
atuais. José Geraldo Villas Boas
é apontado como seu administrador. Pinto Junior e Villas
Boas não foram localizados.
Villas Boas presidiu entre
1975 e 1977 a Aecesp (Associação dos Engenheiros das Companhias Energéticas no Estado
de São Paulo). Funcionário de
carreira, presidiu a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e foi diretor da Eletropaulo.
Outras "offshores" citadas tinham como administradores
franco-brasileiros. São elas a
Splendorey Associados, que teria uma sede fantasma em São
Paulo, e a Andros Management, com sede nas Bahamas.
Segundo os papéis, a Splendorey seria do banqueiro aposentado Jean Marie Lannelongue. Outras duas "offshores"
são a Janus holding e a Compania de Asesores de Energia S.A.
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