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Hipótese de 3º mandato de Lula divide eleitorado
Pesquisa Datafolha revela que 47% apoiam proposta contra 49% de reprovação
Em 2007, ideia era rejeitada por 65% dos entrevistados; para Mauro Paulino, do Datafolha, mudança reflete popularidade do presidente
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Objeto de debate no Congresso,
a possibilidade de um
terceiro mandato para presidente
da República divide o
país, revela o Datafolha. Segundo
pesquisa realizada de terça feira
a quinta-feira passada, a
emenda que permitiria ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) concorrer, mais uma
vez, à Presidência tem hoje
apoio de 47%dos entrevistados
contra 49% de desaprovação.
Em novembro de 2007, a
proposta era rejeitada por 65%
dos brasileiros e tinha o aval de
31%, números compatíveis, à
época, com as respostas sobre
um terceiro mandato para governadores
e prefeitos.
Além do caso específico de
Lula, o Datafolha perguntou
sobre a hipótese de presidentes
concorrerem a um terceiro
mandato no Brasil: 49% disseram ser
a favor e 48%, contra.
Hoje, um ano e meio depois,
esse índice de apoio a um terceiro
mandato para presidentes
-de 49%- é bem maior do
que para governadores (38%) e
prefeitos (35%).
Para o diretor-geral do Datafolha,
Mauro Paulino, os números
refletem a popularidade de
Lula -também expressa nas
intenções de voto.
Garantido o direito a disputar
o terceiro mandato, o petista
seria reeleito em primeiro
turno se a eleição fosse hoje.
Nessa disputa hipotética, Lula
teria 47%dos votos contra 25%
do governador de São Paulo,
José Serra (PSDB). Sem Lula,
Serra lidera todos os cenários
da corrida presidencial. A instituição do terceiro
mandato dependeria de aprovação
na Câmara e no Senado.
Como altera a Constituição, requer
quórum qualificado: três
quintos dos votos.
Na quinta-feira, o deputado
Jackson Barreto (PMDB-SE)
protocolou proposta que institui
o direito a mais uma reeleição no país,
desde que aprovada
num referendo em setembro.
Barreto reuniu 183 assinaturas.
Mas, como democratas e
tucanos retiraram apoio à
emenda, o número de signatários
caiu para 170, uma menos
do que o exigido para tramitar.
Ele pode reapresentar a proposta,
caso conquiste um novo
adepto. Nesse caso, a base do
governo teria três meses e dez
dias para sua aprovação.
Resistência Lula tem resistido à proposta
não só porque fragilizaria a
candidatura da ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff mas
também porque desgastaria
sua própria imagem.
Para Paulino, o indício de
desgaste está na pesquisa, já
que a taxa de aprovação ao governo
Lula (69%) é 22 pontos
maior que o apoio ao terceiro
mandato. Ainda segundo o Datafolha,
37% dos que consideram
o governo ótimo/bom se
opõem à mudança. Mais: 30%
dos que se dizem eleitores de
Lula são contrários à proposta.
"Dos que aprovam o governo,
37% são contra o terceiro mandato.
Há resistência ao terceiro
mandato mesmo entre os eleitores de Lula,
um indício de que
pode ser desgastante", disse.
Entre petistas contrários à
proposta, vigora a avaliação de
que,em um ano,Lula seria submetido
duas vezes ao voto: no
plebiscito e na eleição.
Entre os apoiadores da
emenda, o argumento é que o
ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso conquistou seu
segundo mandato em primeiro
turno (1998) mesmo com toda
a polêmica em torno da aprovação da
reeleição.
Segundo o Datafolha, a nova
reeleição de Lula tem a simpatia
de 53% dos entrevistados
com renda familiar mensal inferior
a dois salários mínimos.
A rejeição à proposta chega a
67% entre aqueles com renda
superior a dez mínimos. Enfrenta
a resistência de 68% dos
com nível superior de escolaridade,
tendo apoio de 53% dos
que têm nível fundamental.
No Nordeste, a emenda tem
60% de apoio. No Sul, é rejeitada
por 56%. No Sudeste, 54%
reprovam o terceiro mandato e
43%são favoráveis.Nas regiões
Norte e Centro-Oeste, a proposta
enfrenta rejeição de 51%
contra 43% de apoio.
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