São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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OUTRO LADO

Marques nega relação com SMPB

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O criminalista José Luis Oliveira Lima, advogado de José Dirceu, negou ontem a informação da SMPB de que Roberto Marques, amigo do ex-ministro, teria sido autorizado a fazer saque de R$ 50 mil do Banco Rural.
"Ele [Marques] não recebeu autorização, não pediu autorização, não assinou nenhum documento, não efetuou nenhum saque, não esteve em momento algum em qualquer agência do Banco Rural", declarou.
De acordo com o advogado, a afirmação feita pela diretora-financeira da agência de publicidade, Simone Reis de Vasconcelos, "não é verdadeira". Ela irá depor amanhã à Polícia Federal, em Belo Horizonte, e, na quarta-feira, à CPI dos Correios.
Oliveira Lima conversou duas vezes com a Folha ontem. A primeira foi enquanto almoçava, antes de a SMPB confirmar a ligação com o ex-assessor de Dirceu, quando comentou apenas o que a revista "Veja" havia publicado -a existência de uma autorização para saque em nome de Roberto Marques. O advogado disse então que o documento seria "inconsistente", o que lhe teria sido assegurado pelo próprio Marques.
No segundo telefonema, após a confirmação feita para agência, ele afirmou que, mesmo assim, manteria a declaração anterior.
O ex-ministro da Casa Civil, atualmente deputado federal pelo PT de São Paulo, divulgou nota dizendo-se "indignado" com a tentativa de "enxovalhar" seu nome a poucos dias do aguardado depoimento no Conselho de Ética da Câmara.
"Com repúdio e indignação vejo mais uma iniciativa da revista "Veja" para enxovalhar meu nome, em uma tentativa anti-republicana de construir um clima de prejulgamento", afirmou.
Dirceu, na nota, "contesta taxativamente" a informação de que Marques tenha sido autorizado a sacar dinheiro das contas de empresas do publicitário Marcos Valério. Diz ainda que Marques não é seu assessor, mas amigo.
O ex-ministro relata dois episódios que seriam provas de uma suposta ação da imprensa para persegui-lo. Disse que jornalistas o procuraram nos últimos dias questionando a respeito de supostos depósitos de R$ 230 mil e R$ 300 mil em suas contas, que teriam sido esclarecidos antes da publicação de reportagens.

Suspeição
Dirceu diz que o documento apresentado está "sob suspeição da CPI" -o deputado Carlos Abicalil, do PT de Mato Grosso, divulgou nota com a mesma declaração. Ele é integrante da CPI.
O suposto saque da conta da empresa de Marcos Valério teria sido feito não por Marques, mas por Luiz Carlos Mazano. Segundo a CPI, trata-se de um funcionário da corretora Bonus-Banval.
O advogado que representa a corretora, Antônio Sérgio Pitombo, disse que a empresa está sendo utilizada de maneira "política". "Acharam um jeito de desviar o foco das investigações sobre os saques", declarou, sem esclarecer a quem estava se referindo.
Ele disse que Mazano nega ter feito saque no Rural. "Ou o saque foi feito por um homônimo, ou tentam fazer alguma armação com o funcionário", afirmou o advogado.

Sindicância
Informações preliminares da corretora dão conta de que o número da carteira de identidade que aparece na autorização do sacador é o mesmo de Mazano, mas o CPF seria diferente.
A Bonus-Banval abriu uma sindicância interna para investigar o caso, que deve ser concluída nessa semana.


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