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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Comissão investiga 560 cheques acima de
R$ 30 mil emitidos por empresas de Valério
CPI descobre cheques em série com o mesmo valor
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A análise feita pela CPI dos Correios nos dados bancários das
empresas do publicitário Marcos
Valério Fernandes de Souza no
Banco Rural de Belo Horizonte
revelou a emissão de dezenas de
cheques em série, em dias seguidos e em valores iguais, sobretudo
de R$ 50 mil e de R$ 300 mil.
Vários desses cheques, segundo
cruzamento feito pela Folha com
a lista dos sacadores, foram retirados na boca do caixa pela diretora
financeira da empresa SMPB Comunicação, Simone Reis Lobo de
Vasconcelos, e pelo policial civil
de Minas Gerais David Rodrigues
Alves. A CPI ainda não sabe o destino real do dinheiro sacado por
essas e outras pessoas.
Em depoimento à Polícia Federal, o policial Alves disse que o dinheiro iria para um sócio de Marcos Valério, Cristiano Paz.
Simone afirmou, em depoimento à PF, que entregava o dinheiro para uma fila de "estranhos" que compareciam à agência do Banco Rural no Brasília
Shopping. Ela disse não ter condições de afirmar quem são as pessoas ou o destino do dinheiro.
560 cheques
A comissão selecionou 560 cheques com valores acima de R$ 30
mil emitidos por quatro empresas
de Marcos Valério na agência do
Rural de Belo Horizonte -DNA
Propaganda, SMPB Comunicação, Estratégica Marketing e MultiAction Entretenimentos, além
de sete cheques emitidos pelo publicitário em sua conta de pessoa
física.
O total da saída de dinheiro das
empresas de Valério analisada pela CPI compreende R$ 75,9 milhões. Desse total, a maior parte
saiu dos cofres da SMPB, R$ 65,2
milhões.
As maiores seqüências na emissão dos cheques ocorreram na
conta da SMPB entre os dias 2 de
outubro de 2003 e 16 de janeiro de
2004. Nesse período de 106 dias, a
agência de publicidade emitiu 43
cheques no valor exato de R$ 50
mil (um volume total de R$ 2,15
milhões).
Em apenas um dia que integra
essa seqüência, 28 de outubro de
2003, sete cheques de R$ 50 mil
emitidos pela SMPB foram sacados por Simone Vasconcelos na
boca do caixa.
Entre fevereiro e abril de 2003,
houve novas emissões em série,
mas agora em valor bem mais alto. A SMPB assinou 25 cheques
no valor exato de R$ 300 mil cada
um, valor total de R$ 7,5 milhões.
Novamente Simone aparece na
lista dos sacadores da comissão,
trocando parte desses cheques na
boca do caixa.
A seqüência dos cheques traçada pela CPI poderá esclarecer conexões entre os beneficiários dos
cheques. Entre um cheque de R$
100 mil sacado por Solange Pereira Oliveira, funcionária do departamento financeiro do diretório
nacional do PT, e outro cheque de
R$ 100 mil sacado por Raimundo
Ferreira da Silva Júnior, assessor
do PT nacional em Brasília, existe
apenas um outro cheque no talonário da SMPB, cujo destinatário
ainda não foi identificado.
Embora sacados em dias diferentes, 26 e 19 de março de 2004,
os cheques de Solange têm numeração muito próxima, 414067 e
414070.
A comissão suspeita que os documentos referentes à quebra do
sigilo bancário tenham sido adulterados para tornar mais difícil o
rastreamento do destino do dinheiro. O Banco Rural nega e diz
que enviou todas as informações
solicitadas pela CPI.
(MARTA SALOMON e RUBENS VALENTE)
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