São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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GOVERNO
Novo presidente do órgão enfatizou meta de US$ 100 bi em 2002
Calabi assume BNDES priorizando exportações

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O novo presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Andrea Calabi, tomou posse ontem à frente da instituição afirmando que as exportações serão o principal foco da ação do banco daqui para a frente.
O objetivo, segundo Calabi, é melhorar as condições de exportação da economia brasileira. A meta do país de exportar US$ 100 bilhões em 2002 foi enfatizada várias vezes no discurso de posse.
Calabi disse ainda que as megafusões vão ganhar destaque na linha de ação do banco e que o BNDES não vai "financiar o desemprego".
Em entrevista, Calabi afirmou que "o banco apóia a produção e espera estimular o emprego a longo prazo". A resposta veio depois da ponderação dos jornalistas de que fusões, normalmente, resultam em demissões.
O banco, segundo Calabi, não vai ajudar empresas que sejam casos perdidos de ineficiência só para manter postos de trabalho.
"O foco em emprego permeia qualquer ação do banco, é um critério prioritário para seleção de crédito", disse Calabi.
O caso Ford se encaixa nessa política porque os postos de trabalho da unidade do Ipiranga, em São Paulo, que deverá ser fechada, serão transferidos para a fábrica de São Bernardo do Campo, segundo o ministro Clóvis Carvalho (Desenvolvimento).
A montadora será beneficiada por incentivos fiscais e financiamento do BNDES para construir uma fábrica na Bahia.
Para apoiar fusões, o banco levará em conta "os impactos econômicos mais fortes".
"Não há preconceito contra tamanho, megafusões ou financiamentos de reorganizações societárias de empresas, seja lá quais forem", disse.
Além de siderurgia, petroquímica, papel e celulose e aviação, também deverão passar por fusões os ramos de eletroeletrônicos, telecomunicações e mineração, seja por mudanças pós-privatizações, seja por influência da competição externa.
A fusão Brahma-Antarctica, disse Calabi, é um exemplo de concentração entre grandes empresas, "algo que não pode ser evitado".
Durante seu discurso, Clóvis Carvalho saiu em defesa do BNDES, afirmando que a instituição foi "vítima de uma tentativa insidiosa, covarde e criminosa de macular sua imagem".
O ministro referia-se ao episódio dos grampos telefônicos sobre os bastidores da privatização da Telebrás, que resultou na queda do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
"Todo o país é testemunha do serviço público ético e comprometido com o desenvolvimento da nação que aqui se pratica."
Além de Clóvis Carvalho, compareceram à posse de Calabi os ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Saúde), Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), Martus Tavares (Orçamento e Gestão), Pratini de Moraes (Agricultura) e Pimenta da Veiga (Comunicações).
Também estavam os presidentes do Banco Central, Armínio Fraga, e do Banco do Brasil, Paulo Zaghen.


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