São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002 |
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BALANÇO Para presidente, resultados do governo rebatem críticas de opositores FHC condena "manipulação demagógica de cifras sociais"
JOÃO BATISTA NATALI "CIDADANIA EMPRESARIAL"
"Já faz tempo que o Estado deixou
de ter o monopólio do público.
Hoje os conceitos são outros.
Aqueles que ainda pensam que só
no âmbito do Estado as soluções
são encontradas se equivocam.
Certamente não será sem o Estado, mas não será exclusivamente
com o Estado que as questões se
organizam e se solucionam (...).
No Brasil temos 465 mil empresas
que prestam algum tipo de contribuição na área social. No ano de
2000 elas destinaram a seus projetos R$ 4,7 bilhões." DÍVIDA PÚBLICA
"Poucos países tiveram a coragem, como o nosso, de coibir o
uso de recursos, a não ser dentro
do estrito limite do Orçamento,
forçando os governos a evitarem
um endividamento crescente. Endividamento esse que existe, e que
tantas vezes vejo nos jornais a respeito do meu governo, esquecendo-se de dizer que o que meu governo fez foi reconhecer dívidas
preexistentes e assumir dívidas
que estavam nas mãos dos bancos
e que eram dos Estados, ou então
esqueletos que ninguém reconhecia, mas que já estavam minando
a credibilidade do país. Nós tornamos transparentes dívidas que
já existiam, e que por serem vultosas elevam a taxa de juros, e isso
contribui para a sua expansão.
Mas não foram dívidas derivadas
de um impulso gastador e irresponsável por parte do governo
central (...). O governante não pode mais hoje passar a conta para o
seu sucessor. Eu sei o quanto isso
é importante porque recebi uma
conta imensa de décadas, e hoje
pago por essa conta. A Lei de Responsabilidade Fiscal veio no espírito da valorização da responsabilidade pública." EDUCAÇÃO
"Em todos os indicadores sociais
-e eu repito, em todos- houve
avanços. Foi possível graças ao esforço da sociedade. Pudemos reduzir o analfabetismo de 19% para 13%, de 1991 a 2000. E estamos
podendo antever o fim do analfabetismo em pouco tempo, porque
estamos antevendo nossas crianças com o resultado que desejamos, o de toda criança na escola.
Já temos 97% ou 98%, o que nos
permite dizer que em pouco tempo o analfabetismo será residual
no Brasil. O acesso à escola foi dado aos mais pobres. Em 1995 nós
ainda tínhamos 25% das crianças
pobres fora da escola. Em 1999,
entre os mais pobres, 93% estavam frequentando a escola. Não
há indicador maior de inclusão
social que o de a criança ter acesso
à escola. Estamos lutando contra
a exclusão social no Brasil. Houve
também um aumento sensível na
qualidade do ensino, o número de
crianças que termina o ensino básico aumentou, e dobrou o número de alunos do ensino médio nos
últimos anos." MORTALIDADE INFANTIL
"Os dados relativos à mortalidade
infantil vão na mesma direção
(...). Entre 1991 e 2000, a mortalidade infantil caiu de 47,8 por mil
para 29,6 por mil. A cidade de São
Paulo já tem 8 por mil, um dígito.
Bom será o dia que o Brasil inteiro
alcançar esse resultado. De qualquer maneira a redução foi muito
significativa, sobretudo nas áreas
mais pobres. No Nordeste, onde
era de 73 por mil, e caiu para 40 e
poucos por mil. A expetativa de
vida aumentou e continua aumentando. Isso não se faz por milagre. Se faz pela mobilização da
sociedade e pela ação do Estado.
Agentes comunitários de saúde
passaram de 29 mil para 160 mil,
de 1995 até agora. Hoje podemos
dizer que pulamos de 16 milhões
de pessoas atendidas para 80 milhões, num programa desconhecido da classe média, porque beneficia os cafundós do Brasil, os
grupos mais frágeis e carentes." FOME E "MANIPULAÇÃO"
"Vejo de vez em quando referências à fome no Brasil. Certamente
existe. Mas os números, que são
manipulados, não são verdadeiros. Se estamos com quase todas
as crianças nas escolas, todas elas
recebem ao menos uma refeição
ou até duas, nas comunidades
mais pobres... Pode haver má nutrição. Mas morrer de fome passa
a ser casos mais marginais. E eu
não acho que seja bom para o país
manipular demagogicamente cifras que assustam. Estamos melhorando. Não estamos bem, mas
o caminho está traçado para que
seja melhor. Não me parece que
aqueles que têm o espírito de
"mudar o país" simplesmente insistam, olhando no retrovisor, repetindo cifras que foram verdadeiras no passado e que não encontram mais veracidade nos dias
que correm." SALÁRIO MÍNIMO
"Com tudo o que se diga, o salário
mínimo hoje, em termos de comparação com a cesta básica, ele
cresceu significativamente. Em
1994 se comprava 60% de uma
cesta básica com o salário mínimo. Hoje se compra uma e ainda
sobra 20%. Isso não quer dizer
que o salário mínimo seja alto.
Mesmo em São Paulo, onde o salário médio é mais elevado, ele é
de R$ 800. O que é ruim não é só o
salário mínimo. É que o conjunto
da produtividade no Brasil e os
avanços na economia não permitiram um salário médio maior.
Ele é muito baixo. A renda familiar nos últimos anos teve um aumento, mas isso não foi satisfatório, em razão da perda de ritmo de
crescimento da economia. Ainda
assim, há hoje 10% a menos de
pobres." AÇÃO SOCIAL DIRETA DESEMPREGO
"É preciso notar que a taxa de
crescimento da oferta de empregos no Brasil supera em o dobro a
taxa de crescimento demográfico.
O que acontece é que nós estamos
ainda tendo de empregar pessoas
que nasceram numa época em
que a taxa demográfica era muito
elevada. Somente a partir de 2005,
e nos dez anos seguintes, é que a
pressão demográfica vai diminuir. Se o nível de emprego
-num país em que a taxa de
crescimento econômico não é tão
alta- continuar crescendo na
mesma proporção, vamos resolver o problema do desemprego. É
o sistema de mercado, em que o
desemprego fica em 2% a 4% por
causa do "turn over". Mas não podemos perder de vista que a oferta
de emprego tem crescido consistentemente." |
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