São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Lobistas agem abertamente entre oficiais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As discussões são todas "de alto nível", com oficiais estrelados e ministros, mas na hora de fechar um negócio militar quem invariavelmente aparece é o lobista.
Alguns agem abertamente. Na quarta passada, enquanto o ministro Nelson Jobim (Defesa) recebia na Base Aérea de Anápolis (GO) os dois últimos caças Mirage-2000 comprados da França em 2006, dois franceses chamavam a atenção pela desenvoltura com que circulavam entre os chefes da FAB: eram representantes da gigante francesa Dassault. Oficialmente, estavam ali para a entrega do Mirage, mas aproveitaram cada minuto para alardear as vantagens do Rafale, forte candidato a virar o novo caça padrão do Brasil.
Aos oficiais da FAB e à Folha, François Haas e Jean-Marc Merialdo revelaram os argumentos que levaram ao Estado-Maior da Aeronáutica, em agosto, para manter a parceria com a França: a garantia do governo francês de transferir ao Brasil a tecnologia do Rafale. "No mundo atual, isso não é fácil. A Boeing pode prometer o que quiser, mas se o governo americano não concordar em transferir tecnologia, não há o que fazer", disse Haas.
Jean-Marc citou o bom desempenho dos Rafale no Afeganistão -"os pilotos elogiaram muito"-, mas o fato é que a Dassault está com problemas para vender o Rafale fora da França. Ele perdeu até aqui todas as concorrências que disputou, geralmente por conta do preço alto, entre 50 e 60 milhões. Em Anápolis, Jobim foi apresentado ao novo adido militar da França no Brasil, Jean-Marie Charpentier, que endossou o compromisso de transferir tecnologia: "O presidente Nicolas Sarkozy está à disposição do Brasil".
Enquanto isso, amanhã chega ao país uma comitiva de russos e paquistaneses visando fechar a venda de helicópteros Mi-35 à FAB -12 unidades a US$ 20 milhões cada. A presença de paquistaneses decorre do fato de que é uma empresa daquele país uma das maiores lobistas pela venda de armas russas. (ALAN GRIPP E IGOR GIELOW)


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