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Lobistas agem abertamente entre oficiais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As discussões são todas
"de alto nível", com oficiais
estrelados e ministros, mas
na hora de fechar um negócio militar quem invariavelmente aparece é o lobista.
Alguns agem abertamente.
Na quarta passada, enquanto
o ministro Nelson Jobim
(Defesa) recebia na Base Aérea de Anápolis (GO) os dois
últimos caças Mirage-2000
comprados da França em
2006, dois franceses chamavam a atenção pela desenvoltura com que circulavam entre os chefes da FAB: eram representantes da gigante
francesa Dassault. Oficialmente, estavam ali para a entrega do Mirage, mas aproveitaram cada minuto para
alardear as vantagens do Rafale, forte candidato a virar o
novo caça padrão do Brasil.
Aos oficiais da FAB e à Folha, François Haas e Jean-Marc Merialdo revelaram os
argumentos que levaram ao
Estado-Maior da Aeronáutica, em agosto, para manter a
parceria com a França: a garantia do governo francês de
transferir ao Brasil a tecnologia do Rafale. "No mundo
atual, isso não é fácil. A
Boeing pode prometer o que
quiser, mas se o governo
americano não concordar
em transferir tecnologia, não
há o que fazer", disse Haas.
Jean-Marc citou o bom desempenho dos Rafale no Afeganistão -"os pilotos elogiaram muito"-, mas o fato é
que a Dassault está com problemas para vender o Rafale
fora da França. Ele perdeu
até aqui todas as concorrências que disputou, geralmente por conta do preço alto,
entre 50 e 60 milhões. Em
Anápolis, Jobim foi apresentado ao novo adido militar da
França no Brasil, Jean-Marie Charpentier, que endossou o compromisso de transferir tecnologia: "O presidente Nicolas Sarkozy está à
disposição do Brasil".
Enquanto isso, amanhã
chega ao país uma comitiva
de russos e paquistaneses visando fechar a venda de helicópteros Mi-35 à FAB -12
unidades a US$ 20 milhões
cada. A presença de paquistaneses decorre do fato de
que é uma empresa daquele
país uma das maiores lobistas pela venda de armas russas.
(ALAN GRIPP E IGOR GIELOW)
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