Em entrevista publicada ontem no jornal francês "Le Monde", o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que tem pressa na negociação do Mercosul com a União Européia. Ele considera "tímidas" as propostas apresentadas pelos dois blocos e disse viver uma certa angústia diante da lentidão das negociações.
Segundo FHC, o mercado europeu é muito mais fechado do que o americano, mas ele prefere negociar com os europeus. "Politicamente, a Europa tem muito mais interesse em negociar com o Mercosul". Essa predisposição decorre dos enormes investimentos europeus na América Latina e o sentimento de latinidade. FHC ressalvou que a defesa de negociações com a União Européia não significa oposição às conversas com os Estados Unidos para criar a Alca. Ele criticou os EUA e defendeu a multipolaridade das relações internacionais. FHC quer uma "participação mais ativa das nações para que a globalização seja aceita como algo legítimo".
Para FHC, os críticos da globalizações erram ao encarar o processo como político: "A globalização é consequência das transformações econômicas e tecnológicas do mundo". Ele disse que as manifestações antiglobalização são diferentes dos protestos do fim dos anos 60: "1968 era um movimento pró, não do contra. Era pela liberdade e eu sempre achei que era preciso haver uma sociedade civil muito ativa. No Brasil, os que são contrários à globalização são a favor da burocracia estática".


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