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ELEIÇÕES 2004
SÃO PAULO
De 1899 até hoje, São Paulo perdeu os traços europeus e adquiriu as feições e os problemas de uma metrópole norte-americana
50 prefeitos mudaram a fisionomia da cidade
DA REDAÇÃO
Exceto por uma breve experiência (1835-1838) no período regencial, São Paulo só começou a ser
administrada por prefeitos em
1899. Na época, a cidade, com
quase 240 mil habitantes, já havia
perdido seus traços coloniais e
adquirido um verniz europeu, resultante da intensa imigração para a cidade e da diretriz política de
seus administradores, que decidiram adotar os padrões construtivos dos países "civilizados".
Mas foi só na República que a
elite política decidiu trocar o sistema imperial, no qual a cidade era
gerida por quatro intendentes,
por uma administração centralizada. Do primeiro prefeito, Antonio da Silva Prado, até Marta Suplicy, 50 políticos comandaram a
cidade -dos quais alguns ocuparam o cargo por mais de uma vez.
Integrante da família mais rica
do Estado, o cafeicultor e industrial Silva Prado teve uma bem sucedida carreira política no Império: vereador, deputado provincial, deputado geral, ministro da
Agricultura e do Exterior. Abolicionista, contribuiu para aprovar
a Lei do Ventre Livre e foi o relator
da Lei Áurea. Proclamada a República, retraiu-se politicamente.
Em 1899, porém, aceitou o convite para ser eleito indiretamente
prefeito de São Paulo. Foi sucessivamente reeleito até 1907, quando
se tornou o primeiro admistrador
paulistano eleito diretamente.
Em 12 anos de gestão, Prado
alargou e realinhou as ruas do
centro velho, ajardinou a praça da
República, pavimentou a avenida
Paulista, reformou o viaduto do
Chá, encomendou o viaduto Santa Ifigênia e construiu o Teatro
Municipal. Inaugurou a iluminação elétrica na cidade e implantou
o transporte público por bondes.
Foi sucedido por Raymundo
Duprat, que reurbanizou o parque do Anhangabaú, construiu o
Trianon e alargou a São João, e
por Washington Luís, que completou o parque do Anhangabaú,
remodelou o largo da Memória e
implantou o parque D. Pedro 2º.
Seguiu-se a eleição de Firmiano
Pinto, responsável pela abertura
da praça Patriarca, obra caríssima, que não aliviou os congestionamentos no centro da cidade. O
problema levou o prefeito José Pires do Rio a encomendar ao engenheiro Francisco Prestes Maia o
Plano de Avenidas, que privilegiava o transporte individual, enquanto rejeitava a proposta de
ampliar a rede de bondes.
Nos anos 30, a industrialização
provocou uma expansão horizontal da metrópole na periferia e
uma expansão vertical no centro.
A cidade começou então a trocar
sua fisionomia européia por uma
feição norte-americana. A primeira gestão importante do período foi a de Fábio Prado. Contratou estudos para o metrô, iniciou a Biblioteca Mário de Andrade e o Estádio do Pacaembu e retomou as obras da av. 9 de Julho.
Foi sucedido, em 1938, pelo próprio Prestes Maia, que arquivou
os planos de construção do metrô
e se dedicou à implantação de seu
plano, abrindo e alargando avenidas. Seu plano favoreceu a verticalização, mas provocou a redução ou mesmo supressão de muitos parques, que deram lugar às
novas ruas e viadutos. Seus sucessores mantiveram sua orientação.
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