São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004

SÃO PAULO

De 1899 até hoje, São Paulo perdeu os traços europeus e adquiriu as feições e os problemas de uma metrópole norte-americana

50 prefeitos mudaram a fisionomia da cidade

DA REDAÇÃO

Exceto por uma breve experiência (1835-1838) no período regencial, São Paulo só começou a ser administrada por prefeitos em 1899. Na época, a cidade, com quase 240 mil habitantes, já havia perdido seus traços coloniais e adquirido um verniz europeu, resultante da intensa imigração para a cidade e da diretriz política de seus administradores, que decidiram adotar os padrões construtivos dos países "civilizados".
Mas foi só na República que a elite política decidiu trocar o sistema imperial, no qual a cidade era gerida por quatro intendentes, por uma administração centralizada. Do primeiro prefeito, Antonio da Silva Prado, até Marta Suplicy, 50 políticos comandaram a cidade -dos quais alguns ocuparam o cargo por mais de uma vez.
Integrante da família mais rica do Estado, o cafeicultor e industrial Silva Prado teve uma bem sucedida carreira política no Império: vereador, deputado provincial, deputado geral, ministro da Agricultura e do Exterior. Abolicionista, contribuiu para aprovar a Lei do Ventre Livre e foi o relator da Lei Áurea. Proclamada a República, retraiu-se politicamente. Em 1899, porém, aceitou o convite para ser eleito indiretamente prefeito de São Paulo. Foi sucessivamente reeleito até 1907, quando se tornou o primeiro admistrador paulistano eleito diretamente.
Em 12 anos de gestão, Prado alargou e realinhou as ruas do centro velho, ajardinou a praça da República, pavimentou a avenida Paulista, reformou o viaduto do Chá, encomendou o viaduto Santa Ifigênia e construiu o Teatro Municipal. Inaugurou a iluminação elétrica na cidade e implantou o transporte público por bondes.
Foi sucedido por Raymundo Duprat, que reurbanizou o parque do Anhangabaú, construiu o Trianon e alargou a São João, e por Washington Luís, que completou o parque do Anhangabaú, remodelou o largo da Memória e implantou o parque D. Pedro 2º.
Seguiu-se a eleição de Firmiano Pinto, responsável pela abertura da praça Patriarca, obra caríssima, que não aliviou os congestionamentos no centro da cidade. O problema levou o prefeito José Pires do Rio a encomendar ao engenheiro Francisco Prestes Maia o Plano de Avenidas, que privilegiava o transporte individual, enquanto rejeitava a proposta de ampliar a rede de bondes.
Nos anos 30, a industrialização provocou uma expansão horizontal da metrópole na periferia e uma expansão vertical no centro. A cidade começou então a trocar sua fisionomia européia por uma feição norte-americana. A primeira gestão importante do período foi a de Fábio Prado. Contratou estudos para o metrô, iniciou a Biblioteca Mário de Andrade e o Estádio do Pacaembu e retomou as obras da av. 9 de Julho.
Foi sucedido, em 1938, pelo próprio Prestes Maia, que arquivou os planos de construção do metrô e se dedicou à implantação de seu plano, abrindo e alargando avenidas. Seu plano favoreceu a verticalização, mas provocou a redução ou mesmo supressão de muitos parques, que deram lugar às novas ruas e viadutos. Seus sucessores mantiveram sua orientação.


Texto Anterior: Florianópolis: Se vencer hoje, candidato do PSDB terá seu 3º mandato consecutivo
Próximo Texto: Eleição direta voltou em 53, e Jânio venceu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.