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A HORA DE DIRCEU
Conselho tenta votar relatório hoje
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está marcada para hoje a sessão
em que o Conselho de Ética da
Câmara irá refazer a votação do
relatório que recomenda a cassação do ex-ministro e deputado José Dirceu (PT-SP). O texto havia
sido aprovado na quinta-feira por
13 deputados contra um.
Seguindo determinação do STF
(Supremo Tribunal Federal), o relator do processo, Júlio Delgado
(PSB-MG), irá reler seu parecer,
que ainda deve sofrer pedido de
vista prometido pela deputada
petista Angela Guadagnin (SP)
antes de ir a votação na comissão.
O passo seguinte é a apreciação
pelo plenário da Casa.
A repetição do procedimento é
necessária porque uma liminar
concedida pelo ministro do Supremo Eros Grau invalidou o relatório de Delgado, atendendo o
pedido dos advogados de Dirceu,
que argumentaram que o parecer
continha provas obtidas pelas
CPIs dos Correios e do Mensalão
com base na quebra de sigilos
bancário e telefônico.
As provas foram consideradas
irregulares pelo ministro. Grau,
entretanto, não atendeu o pedido
da defesa e manteve a tramitação
do processo contra Dirceu.
Feriado
O atraso compromete a data
marcada pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
para votação em plenário do parecer da comissão, no dia 9.
Somando-se a isso o fato de haver dois feriados neste mês -na
próxima quarta-feira e no dia
15-, fato que invariavelmente diminui o quórum no Congresso, o
processo que pode resultar na
cassação do ex-ministro-chefe da
Casa Civil pode não se encerrar
antes da última semana de novembro. Não há um prazo limite
para as votações.
O advogado de Dirceu, José Luis
Oliveira Lima, não quis opinar sobre a provável data em que o processo chegará ao plenário.
Segundo ele, o trabalho da defesa não é prolongar o processo ou
obstruir o trabalho do Conselho,
mas garantir que a Constituição
seja cumprida.
Ele confirmou ainda que entrará com novo mandado de segurança no STF, desta vez para recorrer da decisão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que
mandou prosseguir o processo
contra o deputado, apesar de o
PTB, autor da denúncia, ter retirado a representação proposta no
Conselho de Ética. O entendimento, porém, é que uma vez que
o processo foi aberto, não havia
como voltar atrás.
Ao ganhar tempo, a defesa de
Dirceu indiretamente auxilia outros deputados ameaçados de cassação, cujos relatórios deverão ter
o andamento atrasado pelo impasse no conselho.
Trapalhada
A anulação determinada pelo
STF deixou alguns congressistas
indignados. Eles acusam o Supremo de interferir de maneira excessiva em assuntos internos do
Legislativo, gerando um atrito entre poderes.
Apesar disso, parlamentares
disseram à Folha que reconhecem que as sucessivas vitórias de
Dirceu no STF têm como causa
"trapalhadas" dos membros do
conselho, em especial Delgado e o
presidente, Ricardo Izar (PTB-SP), que, na pressa de agilizar o
processo, teriam "atropelado" o
regimento e descumprido a determinação da Justiça.
Na semana passada, quando o
STF sinalizou com a necessidade
de o relatório ser refeito -o que
na prática faz o processo retornar
à estaca zero-, Izar e Delgado
entenderam que bastava suprimir
as partes consideradas ilegais e
colocar em votação, sem nova leitura ou direito a pedido de vista.
Afirmando que o conselho realizara uma "ilegalidade", os advogados do deputado voltaram ao
STF e, em menos de quatro horas,
obtiveram a anulação da votação
que recomendava, por larga margem de votos, a cassação do deputado petista.
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