São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Escravos de Jó

O PFL se agarra com todas as forças a uma de suas últimas tábuas de salvação após o naufrágio eleitoral: quer porque quer convencer o PSDB a lhe dar suporte para disputar a presidência do Senado.
Para se contrapor ao esperado crescimento do PMDB, que ameaça lhe tomar o posto de maior bancada, o PFL incentiva o partido aliado a engrossar suas fileiras. Os tucanos cortejam Mozarildo Cavalcante (PTB-RR). O PFL também tentou convencer Leonel Pavan (PSDB), vice-governador eleito de Santa Catarina, a não se diplomar para votar na eleição da Mesa, em fevereiro. Pavan disse não, mas prometeu deixar a vaga com Selma Wesphtal, que se filiaria ao PSDB, em vez de passá-la a Neuto de Conto (PMDB).

Cerco. Lula percebeu que Tarso Genro não agiu sozinho ao anunciar, no dia da eleição, "o fim da era Palocci". E não gostou nem um pouco disso.

Bumerangue. Há quem ache que a afoiteza da ala "desenvolvimentista" do governo contribuirá para selar a permanência de Henrique Meirelles no Banco Central.

Tricô. O governador reeleito de Minas telefonou ontem para Lula. "Ô, Aécio, pensei que você não quisesse mais falar comigo", disse o presidente todo bem-humorado. Tucano e petista combinaram de se encontrar depois do feriado.

Sabor especial. Diante dos números da votação em Minas, que recebeu do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, Lula se deliciou especialmente com um dado: os 73% obtidos em Juiz de Fora, terra de Itamar Franco.

Em órbita. Quando Luiz Dulci proclamou, em discurso na festa petista de domingo, que foi a vitória "de todos os que acalantam o sonho do socialismo", seus próprios correligionários o olharam como se o ministro tivesse acabado de chegar de Marte.

Nova era. Manifestantes pró-Lula agridem jornalistas, o presidente da Fenaj diz bem-feito, e Marco Aurélio Garcia sugere que os meios de comunicação peçam desculpas ao governo. Começou bem a anunciada fase de distensão no relacionamento Planalto-imprensa.

Esboço 1. A equipe de transição de Eduardo Campos (PSB) será uma prévia do primeiro escalão de seu governo em Pernambuco. Um dos coordenadores, o economista Aristides Monteiro, é cotado para a pasta de Planejamento ou para a representação do Estado em Brasília.

Esboço 2. Também integrantes da transição, o vereador de Recife Danilo Cabral (PSB) e o procurador Isael Braga devem estar no secretariado. O governador eleito pretende abrigar todos os aliados, inclusive o PT.

Terceiro turno. Roberto Requião (PMDB) desferiu ontem duros ataques aos adversários e à imprensa, mantendo o clima bélico que marcou a campanha no Paraná. Em resposta, Osmar Dias (PDT), derrotado por pouco mais de 10 mil votos, anunciou a criação de um governo paralelo.

Encaixe. Requião deve oferecer uma secretaria à petista Gleisi Hoffmann, que perdeu a eleição para o Senado. Ela é cotada para concorrer à Prefeitura de Curitiba em 2008.

Lua-de-mel. Em Santa Catarina, a parceria PT-PP deve perdurar até as eleições municipais. A base para as alianças são as 41 cidades do Estado onde Lula e o candidato derrotado ao governo, Esperidião Amin, bateram os adversários no segundo turno.

Índex. Embora Antônio Carlos Pannunzio (SP) lidere a bolsa de apostas para virar líder do PSDB na Câmara, ainda pode haver mudança. O certo é que o cargo não será dado a nenhum deputado do grupo alckimista, o que lança pelos ares, entre outras, a candidatura de Sílvio Torres (SP).

Tiroteio

Com mais 15 dias de campanha, o picolé de chuchu teria derretido de vez. Do deputado eleito CARLOS ZARATTINI (PT-SP) sobre o fato de o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ter obtido no segundo turno menos votos do que no primeiro.

Contraponto

Bafômetro

Em abril, logo depois de ter sido escolhido candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin foi recebido na casa de Renan Calheiros (PMDB-AL) em Brasília. Do jantar participaram ainda colegas do presidente do Senado e convidados de seu Estado. Já de madrugada, Jorge Oliveira, jornalista alagoano, aproximou-se do tucano:
-O senhor vai ganhar a eleição. Sabe por quê?
Diante da resposta negativa, ele prosseguiu:
-Porque o senhor está inteiro.
Alckmin, então, consultou Sérgio Guerra (PSDB-PE):
-Será que ele quis dizer que estou bem de saúde ou que pareço inteiro por não estar alcoolizado a esta hora?


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