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Empresário participa do CDES de Lula, mas condena a política de juros elevados
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Jorge Gerdau
Johannpeter, 69, diz a amigos
que vai se dedicar a projetos sociais quando encerrar sua carreira, especialmente os ligados
à educação. Até lá, porém, Gerdau vive uma rotina das mais
puxadas. São em média 11 horas
de trabalho, divididas entre a
leitura de mais ou menos 100 e-mails, 30 telefonemas e até cinco reuniões com executivos.
Isso sem contar as viagens -
dos cinco dias úteis, ele passa
três fora de Porto Alegre, onde
mora. Advogado, fã de hipismo
e surfe, Gerdau preside o grupo
que leva o nome de sua família
desde 1983. A empresa exportou US$ 1,3 bilhões em 2005.
Gerdau conta que desde
criança queria ser empresário,
mas seu primeiro contato com
a siderúrgica só ocorreu aos 14
anos: por ordem do pai, passou
as férias regulando uma máquina de produção de pregos.
No grupo, ele é conhecido
por dois extremos: o primeiro é
"o jeito alemão", que detesta
atrasos, não admite falta de
qualidade e adora competir. O
outro é "a porção brasileira",
que o leva a ligar para qualquer
pessoa da empresa, sem aviso
prévio, para dar cumprimentos
por um trabalho bem feito.
Amigo de FHC, em 2002 o
empresário, até então considerado um eleitor de José Serra
(PSDB), aproximou-se de Ciro
Gomes (então no PPS). A Gerdau foi a maior doadora da
campanha de Ciro, com R$
1,315 milhão (para a campanha
de Lula, ela doou R$ 500 mil).
Após a posse do petista, ele
passou a integrar o Conselho de
Desenvolvimento, mas irritou-se com a política de juros altos.
Passou a evitar declarações públicas sobre política e aparições
públicas com gente do governo.
Gerdau é crítico ferrenho do
modelo tributário, da falta de
incentivo à poupança e da sobrevalorização do real. Esta,
combinada aos juros altos, cria
um círculo vicioso que destrói a
competitividade da indústria:
os juros dificultam a venda no
mercado interno, o dólar baixo
encolhe o lucro do exportador.
Colunista da Folha desde 28
de maio deste ano, ele destaca
os entraves que o Estado impõe
ao crescimento da indústria e
defende uma espécie de "choque de gestão" no setor público. A Gerdau, aliás, foi uma das
empresas que patrocinou a reforma administrativa implantada por Aécio Neves (PSDB).
Colaborou a Redação
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