São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Trair e coçar

O PT não vê condições de rasgar publicamente o acordo em que se comprometeu, com todas as letras e sem nenhuma previsão de contrapartida, a apoiar um nome do PMDB para comandar a Câmara a partir de 2009. Mas, diante das evidências de que a sigla aliada não abrirá mão da presidência do Senado, deputados petistas agora dizem que, sim, honrarão o escrito, não sendo responsabilidade deles o fato de que Michel Temer, "infelizmente, não tem maioria na Casa".
Quem já viu esse filme aposta que, sem o gesto de reciprocidade do PMDB no Senado, o PT irá, primeiro, estimular por baixo do pano outras candidaturas na Câmara. E, quando a hora chegar, despejar boa parte de seus votos no anti-Temer. A votação é secreta.




Morde... Membros do comitê gestor do PAC colocam na conta dos tucanos José Serra e Aécio Neves o andamento insatisfatório de obras de urbanização e saneamento em SP e Minas. Alegam que houve má vontade na contrapartida financeira estadual e na realização dos projetos.

...e assopra. Enquanto alguns no comitê defendiam canelada pública na dupla, Dilma Rousseff optou por tom diplomático no balanço do PAC. Não quis bater de frente tão cedo com um possível adversário na cédula de 2010.

Altas horas. Avançaram na madrugada de ontem os trabalhos no Palácio do Planalto para finalizar o balanço do PAC. A apostila com o resumo das obras ficou pronta minutos antes da apresentação da ministra da Casa Civil, que já mostrava sinais de sua temida impaciência.

O bom. Em encontro de ministros antes do início da apresentação de Dilma, Geddel Vieira (Integração) provocou seus colegas de Minas e Energia, Cidades e Transportes: "Eu, além de ganhar uma eleição, tenho os melhores números deste balanço". O peemedebista patrocinou João Henrique em Salvador.

Às moscas. Ninguém apareceu ontem na primeira reunião da comissão especial criada no Congresso para discutir a MP anticrise. Ela deve ter a mesma sina de muitas medidas provisórias: seguir direto para o plenário.

Contrabando. Emendas à MP 443 ampliam o espectro da ajuda governamental. Os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Flávio Arns (PT-PR) incluiram fundos de pensão de empresas aéreas quebradas (rombo de R$ 400 mi).

Bateria. O governo tem R$ 10,17 bi de excesso de arrecadação para incluir no Orçamento de 2008, ainda reflexo do momento pré-crise. Quase tudo será guardado para 2009 como "restos a pagar", de modo a manter os principais programas oficiais ainda que a turbulência aumente.

Pero no mucho. Diálogo entre a rainha Sofia e Fidel Castro, relatado no livro "A Rainha Muito de Perto", recém-lançado na Espanha. Ela: "Por que você não abre [o regime] "un poquito, un poquito'"?. Ele: "Não posso, minha rainha. Se abro "un poquito", logo vão pedir "un muchito'".

Sem teto 1. Causou surpresa na Aeronáutica a decisão, tomada ontem de última hora pelo Congresso da Argentina, de proibir que caças do país participem hoje, em Natal, da 4ª edição da Cruzex, maior exercício de combate aéreo da América do Sul.

Sem teto 2. A Argentina forneceria cinco dos cem aviões da operação, além de ser dela a tecnologia de gerenciamento do exercício. Participam, além do Brasil, França, Venezuela, Chile e Uruguai.

Ontem e hoje. Da então candidata Soninha (PPS): "[Não apoiaria] O DEM porque não tenho nenhuma identificação ideológica". Em entrevista pós-eleição, a vereadora disse que "adoraria" assumir uma secretaria na gestão de Gilberto Kassab.

Tiroteio

"O TSE teve todas as oportunidades de cassar a candidatura antes da eleição. Mas preferiu cassar a vontade do povo."
De RICARDO BARROS , vice-líder do governo na Câmara, sobre a cassação de seu correligionário Antônio Belinatti (PP) logo depois da vitória nas urnas em Londrina (PR).

Contraponto

Medidas extremas

A concorrida sessão de ontem da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que recebeu Guido Mantega e Henrique Meirelles para falar da crise internacional, avançava sobre o horário do almoço quando o presidente, Aloizio Mercadante (PT-SP) avisou que uma remessa de lanche acabara de chegar na ante-sala.
A notícia provocou alvoroço entre os famintos senadores. Diante da ameaça de debandada geral, Mercadante se adiantou e sugeriu uma pausa nos trabalhos. E Arthur Virgílio (PSDB-AM) emendou:
-Presidente, mas isso não é um ""circuit breaker"...


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