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Cunha controla "bancada" de até 50 deputados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ex-aliado do ex-presidente Fernando Collor e do ex-governador do Rio Anthony
Garotinho, o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
vem se tornando cada vez
mais influente na Câmara.
No início deste ano, influiu
diretamente na eleição dos
comandos das poderosas Comissões de Constituição e
Justiça e de Minas e Energia.
Cunha nega, mas nos bastidores atribui-se a ele também alguma interferência na
troca do comando da Fundação Real Grandeza, o fundo
de pensão dos funcionários
das estatais de energia Furnas e Eletronuclear.
Polêmico e ostensivo nas
suas reações, Cunha também
criou fama ao adotar a estratégia de pulverizar processos
judiciais contra desafetos e
jornalistas. "Com certeza absoluta, processo muito jornalista que publica calúnia
contra mim. Uma meia dúzia, não me lembro exatamente. Isso eu passo para o
advogado que cuida. Mas,
quando colocam alguma coisa, desde que tenha o meu
contraditório da forma correta, eu aceito. É do jogo."
Eduardo Cosentino da Cunha nasceu no Rio em 29 de
setembro de 1958. Aos 51
anos, está filiado ao PMDB.
Mas também apoia o governo do PT: "Lula é um grande
presidente. Usa a simplicidade no governo". No início de
vida eleitoral foi deputado
estadual pelo PPB, hoje PP,
sigla herdeira direta da Arena, o partido de sustentação
da ditadura (1964-1985).
No seu partido, é muito
atuante. Foi um dos principais articuladores da candidatura vitoriosa de Michel
Temer (PMDB-SP) a presidente da Câmara.
Ajudava a cabalar votos e
passou dezenas de horas em
reuniões com a cúpula peemedebista. Cumpria tarefas.
"Ele é um deputado muito
capaz", afirma o líder do
PMDB na Câmara, deputado
Henrique Alves (RN), ao relatar o papel de Cunha na articulação para eleger Temer.
No primeiro semestre, Cunha tentou propor a criação
de uma CPI para investigar
fundos de pensão. À época,
teve frustrada sua intenção
de trocar dirigentes do Fundo Real Grandeza. Até a direção do PMDB era contra.
"Nós somos da base do governo", dizia Temer, argumentando ser contra a criação da CPI do fundos de pensão. "Mas eu sou um deputado e tenho o direito de apresentar o requerimento", rebatia Cunha. A investigação
não saiu do papel, contrariando à época a fama de todo-poderoso de Cunha na
Câmara. Em compensação, a
direção da Fundação Real
Grandeza foi trocada agora.
Dentro do Congresso, é comum ouvir políticos mencionando a existência de uma
"bancada do Eduardo Cunha". Seria um grupo composto por deputados do Rio,
Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Ele também teria
poder quase completo sobre
os nanicos PSC e PTC. A contabilidade dá ao peemedebista o controle de 15 a 50 deputados, a depender de quem
faz o cálculo.
Cunha nega. "Eu sou um
deputado como um outro
qualquer. Apenas sou atuante, trabalhador, trabalho
muito, sou muito presente,
isso acaba sendo confundindo com força. Isso porque a
maioria não é atuante. A minoria presente acaba ficando
mais presente, isso é um fato", afirma o deputado.
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