São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

perfil

Cunha controla "bancada" de até 50 deputados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ex-aliado do ex-presidente Fernando Collor e do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vem se tornando cada vez mais influente na Câmara.
No início deste ano, influiu diretamente na eleição dos comandos das poderosas Comissões de Constituição e Justiça e de Minas e Energia.
Cunha nega, mas nos bastidores atribui-se a ele também alguma interferência na troca do comando da Fundação Real Grandeza, o fundo de pensão dos funcionários das estatais de energia Furnas e Eletronuclear.
Polêmico e ostensivo nas suas reações, Cunha também criou fama ao adotar a estratégia de pulverizar processos judiciais contra desafetos e jornalistas. "Com certeza absoluta, processo muito jornalista que publica calúnia contra mim. Uma meia dúzia, não me lembro exatamente. Isso eu passo para o advogado que cuida. Mas, quando colocam alguma coisa, desde que tenha o meu contraditório da forma correta, eu aceito. É do jogo."
Eduardo Cosentino da Cunha nasceu no Rio em 29 de setembro de 1958. Aos 51 anos, está filiado ao PMDB. Mas também apoia o governo do PT: "Lula é um grande presidente. Usa a simplicidade no governo". No início de vida eleitoral foi deputado estadual pelo PPB, hoje PP, sigla herdeira direta da Arena, o partido de sustentação da ditadura (1964-1985).
No seu partido, é muito atuante. Foi um dos principais articuladores da candidatura vitoriosa de Michel Temer (PMDB-SP) a presidente da Câmara.
Ajudava a cabalar votos e passou dezenas de horas em reuniões com a cúpula peemedebista. Cumpria tarefas. "Ele é um deputado muito capaz", afirma o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves (RN), ao relatar o papel de Cunha na articulação para eleger Temer.
No primeiro semestre, Cunha tentou propor a criação de uma CPI para investigar fundos de pensão. À época, teve frustrada sua intenção de trocar dirigentes do Fundo Real Grandeza. Até a direção do PMDB era contra.
"Nós somos da base do governo", dizia Temer, argumentando ser contra a criação da CPI do fundos de pensão. "Mas eu sou um deputado e tenho o direito de apresentar o requerimento", rebatia Cunha. A investigação não saiu do papel, contrariando à época a fama de todo-poderoso de Cunha na Câmara. Em compensação, a direção da Fundação Real Grandeza foi trocada agora.
Dentro do Congresso, é comum ouvir políticos mencionando a existência de uma "bancada do Eduardo Cunha". Seria um grupo composto por deputados do Rio, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Ele também teria poder quase completo sobre os nanicos PSC e PTC. A contabilidade dá ao peemedebista o controle de 15 a 50 deputados, a depender de quem faz o cálculo.
Cunha nega. "Eu sou um deputado como um outro qualquer. Apenas sou atuante, trabalhador, trabalho muito, sou muito presente, isso acaba sendo confundindo com força. Isso porque a maioria não é atuante. A minoria presente acaba ficando mais presente, isso é um fato", afirma o deputado.


Texto Anterior: Após 2 anos de crise, fundo de pensão de Furnas troca chefia
Próximo Texto: Petrobras gastará R$ 250 mi em propaganda no ano das eleições
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.