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MST não é "capacho" de Lula e vai manter invasões, diz Stedile
Dirigente descarta uma adesão automática à candidatura de Dilma em 2010
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Aliado histórico do PT, o
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra),
não deverá marchar, formalmente, com o partido já no primeiro turno das eleições presidenciais.
Um dos coordenadores do
MST, João Pedro Stedile descartou ontem uma adesão automática à candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e afirmou que os movimentos sociais só deverão se engajar na campanha eleitoral no
segundo turno.
"Não é problema de partido
nem de pessoa, é desse debate
que nós queremos fugir. Nem
porque o Lula pediu para votar
na Dilma, então, nós vamos votar. Não somos capacho de ninguém. Queremos discutir qual
é o projeto da Dilma", afirmou
Stedile, em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil.
A previsão reflete uma divisão do MST, já diagnosticada
pelo próprio comando do PT.
Segundo petistas, parte expressiva do movimento deverá
apoiar a candidatura de Marina
Silva (PV) à Presidência. O PT,
que mantém laços com o movimento, já foi informado da decisão do MST de conversar com
Marina nos próximos dias.
Reunidos em assembleia no
fim de semana passado, representantes dos movimentos sociais decidiram ainda condicionar o apoio aos compromissos
assumidos pelos candidatos.
Segundo Stedile, a intenção
dos movimentos é "aproveitar
a campanha eleitoral do ano
que vem para discutir um projeto para o Brasil". Ele disse que
o MST não reduzirá o ritmo de
ocupações no período eleitoral.
"Ele [o sem-terra] não está
nem dando bola para o calendário eleitoral. Quer resolver o
problema dele. Em toda região
que concentra sem-terra e tem
latifúndio, vai continuar ocupação de terra", afirmou.
Segundo petistas, o discurso
crítico ao agronegócio leva parte do MST para os braços de
Marina. Além disso, Marina poderia herdar os simpatizantes
da vereadora Heloísa Helena
(PSOL-AL), de quem tem
apoio. Mas os métodos do movimento poderiam afugentar
fatia de seu eleitorado.
"O PV tem diálogo com a extrema esquerda. Mas há diferenças. O PV não tem simpatia
pelo [presidente da Venezuela,
Hugo] Chávez, não apoia atos
de violência nem tem uma visão antiburguesia", disse o presidente do PV do Rio, Alfredo
Sirkis, segundo quem "a diferença não impede o diálogo".
Na entrevista, Stedile chamou de equívoco a destruição
de laranjais durante a ocupação
da fazenda da Cutrale, em São
Paulo. Segundo ele, isso permitiu a execração do MST. "A imprensa burguesa usou as imagens para criar uma ojeriza na
opinião pública, como se laranja fosse o fim do mundo", disse.
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