São Paulo, quarta, 31 de dezembro de 1997.




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GOVERNO
Presidente afirma que queda no desemprego foi 'presente de Natal'
FHC assina Orçamento de 98 e nega crise com Covas

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O presidente Fernando Henrique Cardoso negou ontem que sua relação com o governador de São Paulo, Mário Covas, esteja estremecida. "Não prospera essa visão de que estamos brigando. Falei com ele por telefone para desejar feliz Natal. Ele teve e continuará tendo meu apoio", disse.
FHC disse, inclusive, que, se depender "da vontade de todos nós do PSDB", Covas será o candidato à reeleição em 98. O presidente afirmou ter conversado com o senador José Serra e desconhecer suas intenções sobre uma possível candidatura. "Isso vai depender da posição do Covas."
FHC interrompeu seus dias de descanso na restinga da Marambaia, a 98 km do Rio, onde está com a família desde sexta-feira, para assinar o Orçamento de 98.
Ele aterrissou de helicóptero no 3º Comando Aéreo Regional do Ministério da Aeronáutica, às 15h, onde ficou pouco mais de uma hora. Foi recebido pelo chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e pelo governador do Rio, Marcello Alencar, e voltou para Marambaia, onde passará o réveillon.
O texto da lei, aprovado pelo Congresso Nacional, não sofreu nenhum veto presidencial. Uma medida, no entanto, que será baixada no dia 5 de janeiro, prevê cortes de R$ 4 bilhões no Orçamento de R$ 438,50 bilhões para 98.
"A medida reduzirá alguns gastos que já estão incluídos no pacote fiscal", disse FHC. Ele garantiu que os cortes não atingirão educação, saúde, previdência, assistência social e reforma agrária.
Desde a Constituinte de 88 que não se aprovava um Orçamento no ano anterior ao que será utilizado, conforme destacou o presidente, que elogiou o Congresso Nacional "por esse avanço".
"Com menos recursos, teremos uma administração melhor porque o gestor público fica sabendo quanto tem para gastar", disse. "Estamos acabando com aqueles orçamentos que nada têm a ver com a realidade."
"Não sou de fazer ciladas para ninguém, muito menos para os ministros que aí estão", afirmou Fernando Henrique, contestando as especulações sobre uma possível troca de ministros que venham a se candidatar.
Segundo o presidente, os ministros ainda não disseram que vão sair. Mesmo assim, nomes como os do economista André Lara Rezende e do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, cotados para alguns cargos ministeriais, foram elogiados pelo presidente. Segundo ele, ambos têm condições de ser ministros.
Para FHC, a queda na taxa de desemprego, anunciada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anteontem, foi "um verdadeiro presente de Natal".
"Reafirmo que os catastrofistas devem pôr as barbas de molho. 98 será melhor do que 97", disse o presidente. O IBGE avalia, no entanto, a queda na taxa de desemprego -de 5,71%, em outubro, para 5,35%, em novembro- é comum nessa época do ano, devido ao emprego temporário.



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