São Paulo, terça-feira, 31 de dezembro de 2002

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VIDA DE SOCIÓLOGO

Segundo decreto, Fernando Henrique Cardoso deverá deixar Brasília logo após passar a faixa para Lula

Depois de Paris, FHC se muda para prédio novo em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois das férias pela Europa, Fernando Henrique Cardoso, 71, pretende resgatar em São Paulo o cotidiano que deixou há dez anos, quando foi para o Ministério das Relações Exteriores no governo de Itamar Franco e se instalou de forma permanente em Brasília.
Após a cerimônia de posse amanhã, ele será acompanhado por um integrante do novo governo até a Base Aérea de Brasília, onde embarca em um Boeing-737 da Presidência, com destino à Base Aérea de Cumbica. É de praxe que o ex-presidente deixe a cidade quando seu sucessor toma posse.
Segundo o decreto nš 70.274, de 1972, que trata do ritual da posse, um ajudante-de-ordens, oficial de gabinete ou chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo empossado deve acompanhar o ex-presidente até sua residência ou ponto de embarque.
Apesar de visitar São Paulo com certa regularidade, o presidente quer recuperar antigos hábitos, como as reuniões com pequenos círculos de intelectuais e as caminhadas pelo bairro nobre de Higienópolis (zona oeste de SP). A amigos, tem dito ainda que deseja voltar a dirigir um carro -o que não faz há pelo menos dez anos.
Segundo pessoas próximas a FHC, ele pretende retomar os antigos encontros com parceiros de longa data, como o filósofo José Arthur Giannotti.
Há um ano, quando já se preparava para deixar a Presidência, FHC decidiu mudar de endereço em São Paulo. O apartamento na rua Maranhão, de 240 m2 e estimado em R$ 500 mil, será usado para completar a compra de outro com 470 m2, na rua Rio de Janeiro, que pertencia ao banqueiro Edmundo Safdié, ex-dono do BancoCidade. O valor do negócio seria de R$ 1,1 milhão.

Trabalho
Os projetos de Fernando Henrique deverão estar concentrados no coração de São Paulo, próximo à praça da Sé, onde o presidente irá comandar um escritório de 1.600 m2 no edifício Esplanada.
O imóvel, avaliado em R$ 1,3 milhão, foi comprado por um grupo de 12 empresários, liderados por Jovelino Mineiro, sócio dos filhos de FHC na fazenda de Buritis (MG), e por Pedro Piva, dono da Klabin.
No local, Fernando Henrique pretende construir um instituto que será batizado com seu nome e reunirá documentos, fitas, cartas, filmes e relatórios dos oito anos da vida presidencial. Será um centro de debates, formulação de pesquisas, conferências, com a temática voltada a políticas públicas e relações internacionais.
A idéia é reproduzir o celeiro de intelectuais do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise de Planejamento), que FHC ajudou a fundar em 1969. Para isso, como ex-chefe de Estado, ele contará com uma equipe de quatro assessores pagos pelo poder público, entre eles a chefe do Departamento de Documentação Histórica da Presidência da República, Danielle Ardallon, e o diplomata Tarcísio Costa -o staff inclui ainda dois motoristas e dois seguranças.
Depois de tudo organizado, FHC promete doar sua biblioteca pessoal, cujo acervo chega a quase 10 mil livros, ao instituto. O trabalho será resumido em um livro sobre sua trajetória no poder, incluindo os dois anos como ministro de Itamar Franco.
A partir de abril, o presidente se dedicará também às primeiras linhas de seu livro sobre a política brasileira -ele diz ter "dois livros na cabeça", um sobre as chances histórias de desenvolvimento sustentado de países periféricos e outro com uma nova leitura dos grandes clássicos do pensamento político mundial à luz de sua experiência concreta no poder.
No segundo semestre, retomará as viagens internacionais. A princípio, cada temporada de 30 a 40 dias no Brasil será intercalada com uma viagem para o exterior, onde pretende aceitar alguns dos convites que recebeu para participar de palestras e aulas em universidades dos EUA e da Europa. (LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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