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VIDA DE SOCIÓLOGO
Segundo decreto, Fernando Henrique Cardoso deverá deixar Brasília logo após passar a faixa para Lula
Depois de Paris, FHC se muda para prédio novo em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois das férias pela Europa,
Fernando Henrique Cardoso, 71,
pretende resgatar em São Paulo o
cotidiano que deixou há dez anos,
quando foi para o Ministério das
Relações Exteriores no governo
de Itamar Franco e se instalou de
forma permanente em Brasília.
Após a cerimônia de posse amanhã, ele será acompanhado por
um integrante do novo governo
até a Base Aérea de Brasília, onde
embarca em um Boeing-737 da
Presidência, com destino à Base
Aérea de Cumbica. É de praxe que
o ex-presidente deixe a cidade
quando seu sucessor toma posse.
Segundo o decreto nš 70.274, de
1972, que trata do ritual da posse,
um ajudante-de-ordens, oficial de
gabinete ou chefe do Gabinete de
Segurança Institucional do governo empossado deve acompanhar
o ex-presidente até sua residência
ou ponto de embarque.
Apesar de visitar São Paulo com
certa regularidade, o presidente
quer recuperar antigos hábitos,
como as reuniões com pequenos
círculos de intelectuais e as caminhadas pelo bairro nobre de Higienópolis (zona oeste de SP). A
amigos, tem dito ainda que deseja
voltar a dirigir um carro -o que
não faz há pelo menos dez anos.
Segundo pessoas próximas a
FHC, ele pretende retomar os antigos encontros com parceiros de
longa data, como o filósofo José
Arthur Giannotti.
Há um ano, quando já se preparava para deixar a Presidência,
FHC decidiu mudar de endereço
em São Paulo. O apartamento na
rua Maranhão, de 240 m2 e estimado em R$ 500 mil, será usado
para completar a compra de outro com 470 m2, na rua Rio de Janeiro, que pertencia ao banqueiro
Edmundo Safdié, ex-dono do
BancoCidade. O valor do negócio
seria de R$ 1,1 milhão.
Trabalho
Os projetos de Fernando Henrique deverão estar concentrados
no coração de São Paulo, próximo
à praça da Sé, onde o presidente
irá comandar um escritório de
1.600 m2 no edifício Esplanada.
O imóvel, avaliado em R$ 1,3
milhão, foi comprado por um
grupo de 12 empresários, liderados por Jovelino Mineiro, sócio
dos filhos de FHC na fazenda de
Buritis (MG), e por Pedro Piva,
dono da Klabin.
No local, Fernando Henrique
pretende construir um instituto
que será batizado com seu nome e
reunirá documentos, fitas, cartas,
filmes e relatórios dos oito anos
da vida presidencial. Será um centro de debates, formulação de
pesquisas, conferências, com a temática voltada a políticas públicas
e relações internacionais.
A idéia é reproduzir o celeiro de
intelectuais do Cebrap (Centro
Brasileiro de Análise de Planejamento), que FHC ajudou a fundar
em 1969. Para isso, como ex-chefe
de Estado, ele contará com uma
equipe de quatro assessores pagos
pelo poder público, entre eles a
chefe do Departamento de Documentação Histórica da Presidência da República, Danielle Ardallon, e o diplomata Tarcísio Costa
-o staff inclui ainda dois motoristas e dois seguranças.
Depois de tudo organizado,
FHC promete doar sua biblioteca
pessoal, cujo acervo chega a quase
10 mil livros, ao instituto. O trabalho será resumido em um livro sobre sua trajetória no poder, incluindo os dois anos como ministro de Itamar Franco.
A partir de abril, o presidente se
dedicará também às primeiras linhas de seu livro sobre a política
brasileira -ele diz ter "dois livros
na cabeça", um sobre as chances
histórias de desenvolvimento sustentado de países periféricos e outro com uma nova leitura dos
grandes clássicos do pensamento
político mundial à luz de sua experiência concreta no poder.
No segundo semestre, retomará
as viagens internacionais. A princípio, cada temporada de 30 a 40
dias no Brasil será intercalada
com uma viagem para o exterior,
onde pretende aceitar alguns dos
convites que recebeu para participar de palestras e aulas em universidades dos EUA e da Europa.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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