São Paulo, quinta, 31 de dezembro de 1998

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FHC convence Matarazzo a ficar

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

A primeira crise do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso foi contornada.
O futuro secretário da Comunicação Social, Andrea Matarazzo, que havia desistido de assumir o cargo, voltou atrás ontem, depois de ter conversado com FHC.
O posto que o presidente havia destinado a Matarazzo havia originalmente sido o de ministro das Comunicações.
No último dia 22, Matarazzo dormiu ministro. Na manhã seguinte, acordou secretário.
A alteração dos planos ocorreu porque os líderes do PMDB e do PFL se rebelaram contra a indicação de Pimenta da Veiga para a Secretaria de Governo, que cuidaria da articulação política de FHC.
Para remediar a situação, o presidente deslocou Veiga para as Comunicações e pôs Andrea Matarazzo na Comunicação Social.
A pressa na operação se justificava porque FHC havia marcado o anúncio do ministério para as 11h do dia 23. Matarazzo recebeu um telefonema do presidente pouco antes desse horário. Premido pelas circunstâncias, aceitou a missão.
Na segunda-feira desta semana, dia 28, Matarazzo veio a Brasília para saber quais seriam as suas atribuições. Pelo jeito, não gostou.
Além de não ter ainda absorvido bem a frustração de ter passado de ministro a secretário, Matarazzo se aborreceu com o fato de que seu acesso ao presidente não seria amplo como é o de Sergio Amaral, o atual secretário da Comunicação.
Amaral, por ser também porta-voz da Presidência e por ter sabido construir seu espaço político no Planalto, fala todos os dias, sem intermediação, com FHC.
A nova estrutura do poder que se monta no palácio para o segundo mandato prevê que o chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, faça a ponte entre os secretários, inclusive o da Comunicação, e o presidente.
A insatisfação com esse esquema foi um dos principais motivos por que Euclides Scalco não aceitou a Secretaria de Governo, que FHC lhe oferecera e, afinal, não foi criada após o motim do PFL e do PMDB.
O constrangimento de ter uma demissão no ministério antes da própria posse foi evitado graças à interferência pessoal de FHC.
Ele chamou Matarazzo, conversou com ele, promoveu um encontro entre ele e Clóvis Carvalho.
O que se conversou nessas reuniões ainda não transpirou. A versão oficial é a de que ocorreu um processo de esclarecimento que satisfez Matarazzo e o fez voltar atrás na sua decisão anterior.
O primeiro secretário da Comunicação de FHC, Roberto Muylaert, ficou no cargo só três meses.



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