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FHC convence Matarazzo a ficar
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A primeira crise do segundo mandato do presidente Fernando Henrique
Cardoso foi contornada.
O futuro secretário da Comunicação Social, Andrea
Matarazzo, que havia desistido de assumir o cargo,
voltou atrás ontem, depois
de ter conversado com
FHC.
O posto que o presidente
havia destinado a Matarazzo havia originalmente sido
o de ministro das Comunicações.
No último dia 22, Matarazzo dormiu ministro. Na
manhã seguinte, acordou
secretário.
A alteração dos planos
ocorreu porque os líderes
do PMDB e do PFL se rebelaram contra a indicação de
Pimenta da Veiga para a Secretaria de Governo, que
cuidaria da articulação política de FHC.
Para remediar a situação,
o presidente deslocou Veiga
para as Comunicações e pôs
Andrea Matarazzo na Comunicação Social.
A pressa na operação se
justificava porque FHC havia marcado o anúncio do
ministério para as 11h do
dia 23. Matarazzo recebeu
um telefonema do presidente pouco antes desse horário. Premido pelas circunstâncias, aceitou a missão.
Na segunda-feira desta semana, dia 28, Matarazzo
veio a Brasília para saber
quais seriam as suas atribuições. Pelo jeito, não gostou.
Além de não ter ainda absorvido bem a frustração de
ter passado de ministro a
secretário, Matarazzo se
aborreceu com o fato de
que seu acesso ao presidente não seria amplo como é o
de Sergio Amaral, o atual
secretário da Comunicação.
Amaral, por ser também
porta-voz da Presidência e
por ter sabido construir seu
espaço político no Planalto,
fala todos os dias, sem intermediação, com FHC.
A nova estrutura do poder
que se monta no palácio para o segundo mandato prevê que o chefe da Casa Civil,
Clóvis Carvalho, faça a ponte entre os secretários, inclusive o da Comunicação,
e o presidente.
A insatisfação com esse
esquema foi um dos principais motivos por que Euclides Scalco não aceitou a Secretaria de Governo, que
FHC lhe oferecera e, afinal,
não foi criada após o motim
do PFL e do PMDB.
O constrangimento de ter
uma demissão no ministério antes da própria posse
foi evitado graças à interferência pessoal de FHC.
Ele chamou Matarazzo,
conversou com ele, promoveu um encontro entre ele e
Clóvis Carvalho.
O que se conversou nessas
reuniões ainda não transpirou. A versão oficial é a de
que ocorreu um processo
de esclarecimento que satisfez Matarazzo e o fez voltar atrás na sua decisão anterior.
O primeiro secretário da
Comunicação de FHC, Roberto Muylaert, ficou no
cargo só três meses.
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