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Arraes tenta
recompor base
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O governador de Pernambuco,
Miguel Arraes (PSB), vai deixar ao
seu sucessor, Jarbas Vasconcelos
(PMDB), uma dívida de R$ 500 milhões, segundo cálculos feitos pela
equipe do futuro governador.
Além do débito, o peemedebista
terá de administrar a crise que se
instalou nas áreas da saúde e segurança pública e a insatisfação dos
servidores estaduais, que não têm
aumento salarial há quatro anos e
ameaçam entrar em greve.
Nos quartéis da PM, a comida está racionada há dois meses. Os horários de trabalho foram alterados
para evitar que os policiais se alimentem durante o serviço.
Os cortes atingiram todos os setores do governo e foram promovidos para que Arraes cumprisse a
prioridade do fim de seu governo:
o pagamento do salário de novembro e o 13º dos servidores.
Para isso, o governador quebrou
um acordo com a União e decretou
que os R$ 179 milhões obtidos com
a privatização do Bandepe (Banco
do Estado de Pernambuco) seria
utilizado para esse fim.
O contrato assinado com o governo federal previa o repasse do
dinheiro para o Tesouro Nacional
como forma de amortização da dívida contraída pelo Estado para o
saneamento do próprio banco.
Apesar do quadro ruim que deixa ao sucessor, Arraes ainda acredita que pode recuperar o prestígio
perdido junto a lideranças políticas do interior. Montou um escritório em Recife e vai viajar pelo interior do Estado para recompor
sua base eleitoral.
O governador pretende ainda escrever um livro -o sétimo- cujo
tema se recusa a revelar.
Miguel Arraes de Alencar, 82,
nasceu em Araripe (CE). Já exerceu o cargo de governador de Pernambuco por três vezes. Foi também deputado estadual, deputado
federal e prefeito de Recife.
Em 64, foi preso pelo governo
militar e, em 65, exilou-se na Argélia. Foi condenado a 23 anos de prisão pelo Tribunal Militar de Recife
por supostos crimes contra a segurança nacional. Retornou ao Brasil
em 79, com a anistia.
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