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LEGISLAÇÃO
Lei autoriza prefeitura a dar pílulas interceptivas para vítimas de estupro; rede pública vai manter opção
Autor da 'lei do aborto' recua e revoga ato
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O líder do governo na Câmara de
Campinas, vereador Antônio Rafful (PPB), vai pedir a revogação da
Lei 9.774, de sua própria autoria, e
em vigor desde 18 de junho. A lei
autoriza a prefeitura a dar pílulas
interceptivas para mulheres vítimas de violência sexual, no dia seguinte ao crime.
A pressão da Igreja Católica teria
feito o vereador recuar. Segundo o
coordenador do Programa da Saúde da Mulher, Vlademir Pereira
Mendes, a secretaria vai continuar
distribuindo as pílulas interceptivas mesmo que a lei seja revogada.
"Estamos baseados no Código Penal e em autorização do Ministério
da Saúde", disse.
A Secretaria Municipal da Saúde
não soube informar quantas mulheres utilizaram a "pílula do aborto", como ficou conhecida.
Para o monsenhor Geraldo Azevedo, da Igreja do Carmo, agora
Rafful se redimiu de um erro. "Ele
me ligou e disse que queria corrigir
o que foi feito. Fico contente que
isso tenha acontecido", disse.
Segundo ele, a revogação da lei é
uma vitória para a igreja.
Rafful nega que tenha sofrido
pressão da Igreja Católica para pedir a revogação do projeto. "Acho
que eu errei, mas já me confessei."
Segundo o vereador e autor da
lei, um novo projeto foi elaborado
e vai ser apresentado primeiro para religiosos da Igreja Católica e
depois para a Câmara Municipal.
O novo projeto de lei prevê um
plano de assistência médica, psicológica e jurídica à mulher estuprada. Segundo ele, a assistência ficará submetida ao Código Penal, que
garante às vítimas de estupro a
possibilidade de fazer o aborto.
Rafful afirmou que ainda não
tem um prazo para protocolar o
projeto na Câmara Municipal.
O vereador e médico Dário Saadi
(PSDB) disse que é contra a revogação da lei. Segundo ele, o acesso
à "pílula interceptiva emergencial", como é chamada, é uma opção para as mulheres.
"Votei favorável e nenhuma lei
obriga a mulher a usar a pílula. É
apenas uma alternativa que facilita
a opção", disse.
O vereador e médico Pedro Serafim (PPB) afirmou que sempre foi
contra o projeto por considerar a
lei "inócua". "O Código Penal já
previa isso. Não há motivos para se
criar uma lei municipal."
Para o presidente da Câmara,
Francisco Sellin (PFL), a revogação da lei é positiva. "Acho que foi
uma lei que mais desagradou a população do que agradou, por isso
deve ser revista pelos vereadores."
O frade Celso Luis Gomes, 25, da
Toca de Assis, disse que aprova o
novo projeto de Rafful. "Ele cometeu um erro, mas agora está corrigindo", disse.
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