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ECONOMIA
Patrimônio da massa falida foi avaliado em R$ 20 milhões; grupo de investidores já mostrou interesse
Data de leilão da Gurgel sai esta semana
RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS
A Justiça de Rio Claro (76 km de
Campinas) marca ainda esta semana a data do leilão da massa falida da Gurgel Motores S/A, avaliada em R$ 20 milhões.
O grupo de investidores Barbosa Leite, de São Paulo, tem mantido contato com a Prefeitura de
Rio Claro para tentar arrematar o
patrimônio.
Falida definitivamente desde
96, a Gurgel, única fábrica de carros brasileira, teve seu valor definido há pouco mais de dez dias.
O secretário municipal da Indústria e Comércio, Luís Fernando Quilici, afirmou que desde o final do ano passado a Barbosa Leite já havia contatado a administração interessada em comprar o
patrimônio falido da empresa
Gurgel.
Segundo o secretário, o grupo
estaria interessado no prédio da
fábrica, localizado às margens da
rodovia Washington Luís, em Rio
Claro, para instalação de um negócio de fabricação de equipamentos agrícolas.
Com um valor estimado de R$
20 milhões, a dívida trabalhista
deve consumir 70%. A dívida com
o fisco e com credores pode chegar a R$ 70 milhões.
"Há duas preocupações da prefeitura: garantir que os funcionários recebam seus direitos trabalhistas e passar a trabalhar junto
com o Sindicatos dos Metalúrgicos para conseguir um melhor
comprador", disse.
A holding Gurgel do Brasil chegou a ser avaliada em quase R$
200 milhões, quando suas ações
foram abertas ao mercado em 89,
segundo o herdeiro natural do patrimônio Fernando Barbosa do
Amaral Gurgel, 42, que foi vice-presidente da empresa.
Hoje, os bens da falida Gurgel
estão deteriorando, apesar de
seus carros continuarem rodando
pelo país.
São aproximadamente 40 mil
unidades produzidas em seus 27
anos de funcionamento.
São poucas as revendas de peças
que ficaram guardadas em estoque, ou mesmo oficinas que atendem carros da Gurgel.
Dentro dos barracões da fábrica
da Gurgel estão máquinas, ferramentas e pelo menos 40 carrocerias de carros que pararam na linha de produção e fariam saltar
os olhos de colecionadores.
Para agravar o final trágico da
ousada proposta do empresário
João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, de conquistar a independência tecnológica brasileira
na fabricação de automóveis, os
bens guardados no prédio estão
sendo furtados.
São mais de 30 boletins de ocorrências registrados na Polícia Civil denunciando a invasão e o furto de materiais e equipamentos.
No último dia 22 de dezembro,
quando dois vigias que haviam
testemunhado contra três assaltantes presos furtando equipamentos foram assassinados dentro do prédio.
Horácio Francisco das Neves,
51, e Dorazir Marcelino Pires, 58,
foram encontrados pela manhã.
Um deles levou um tiro e o outro
foi asfixiado até a morte.
A delegada que investiga o caso,
Sueli Isler, do 1º DP (Distrito Policial), disse que os furtos começaram a se intensificar em outubro
do ano passado.
A polícia informou que inicialmente eram furtados fios e equipamentos leves. No entanto os assaltantes começaram a agir com
maior ousadia, levando máquinas
carregadas em caminhões. O síndico da massa falida, Jaime Marangoni, disse que outros grupos
já entraram em contato, mas não
divulgou os nomes.
O grupo Barbosa Leite de investidores foi procurado anteontem,
mas não foi localizado.
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