Campinas, Domingo, 7 de fevereiro de 1999

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CIÊNCIA
CPqD, Unicamp e Cetuc do Rio desenvolvem material que amplia capacidade de transmissão de informações
'Superfibra óptica' é criada em Campinas

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

O CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e o Cetuc-RJ (Centro de Estudos em Telecomunicações da Universidade Católica do Rio de Janeiro) acabam de desenvolver em Campinas a "superfibra óptica".
O material possibilita um aumento na capacidade de transmissão de informações pelas redes de telecomunicações, oito vezes mais veloz.
Isso significa que o sistema pode agilizar em até oito vezes, por exemplo, todas as ligações telefônicas, o acesso à Internet (rede mundial de computadores) e a transmissão de sinais de vídeo.

Tecnologia
A tecnologia utilizada, de multiplexação por divisão de comprimento de onda (wavelenght division multiplexing), possibilita o uso de múltiplos feixes de luz dentro de uma mesma fibra.
Com a estratégia, o CPqD está fazendo testes para transmitir simultaneamente oito canais óticos com capacidade de 10 Gbit (taxa de transmissão) por segundo em cada canal, totalizando 80 Gbits/s ou 1,2 milhão de canais de voz.
A descoberta pode ser utilizada na realização de 1,2 milhão de conversações telefônicas paralelas e simultâneas pela mesma fibra óptica. Os pesquisadores levaram dois anos para concluir o trabalho, que teve investimentos de até R$ 3 milhões. A previsão é que o sistema esteja sendo utilizado em meados deste ano.

Fibra óptica
A fibra óptica é um sistema de comunicação que transmite informações por meio de um feixe de luz que contém informação.
O sistema desenvolvido permite a passagem de oito feixes de luz pela mesma fibra óptica, em vez de apenas um. Com a capacidade de informação multiplicada por oito, o usuário ganha a velocidade de acesso à Internet, por exemplo.
Em cada fibra óptica passam 150 mil conversações telefônicas.
"É a tecnologia de ponta sendo desenvolvida no Brasil, em nível de igualdade com pesquisadores dos Estados Unidos", disse o gerente de divisão de negócios em comunicações ópticas e infra-estrutura de redes do CPqD, José Eduardo Azarite.
Segundo ele, as pesquisas nasceram da carência de tecnologia no mercado.
"Com o eventual congestionamento das redes de fibras ópticas e o aumento da necessidade da demanda, os pesquisadores procuraram atender as necessidades exigidas pelo mercado", disse.
O CPqD, ao lado da Unicamp e do Cetuc, foram os pioneiros nas pesquisas com fibras ópticas no Brasil, na década de 80. Agora o país é pioneiro no desenvolvimento da super fibra.
Além de reduzir o congestionamento e aumentar a velocidade de acesso à Internet, a super fibra vai agilizar toda a área de transmissão de dados, como serviços de home bank (consultas ao banco feitas da casa do usuário), por exemplo.



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