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ECONOMIA
Sindicato dos metalúrgicos de Rio Claro denuncia deterioração do patrimônio
Preço da Gurgel cai e ameaça dívidas
free-lance para a Folha Campinas
A deterioração do patrimônio da
Gurgel, falida em 94, reduziu o valor de mercado da montadora em
37,5%, segundo o sindicato dos
metalúrgicos de Rio Claro.
A Gurgel foi a primeira empresa
do país a usar tecnologia completamente nacional na montagem de
veículos.
De acordo com o sindicato, há telhas quebradas, infiltração de água
e poeira deteriorando o prédio e as
máquinas da montadora. São cinco barracões em uma área de 320
mil m2.
O sindicato teme que a empresa
não tenha dinheiro para saldar as
dívidas com funcionários em razão da redução do preço do patrimônio.
A montadora, que até hoje não
quitou as dívidas trabalhistas estimadas em até R$ 14 milhões com
seus funcionários, vale atualmente
R$ 20 milhões, R$ 12 milhões a menos que na época em que faliu.
O sindicato promete entregar
um dossiê à Justiça na próxima
quarta-feira, exigindo agilidade na
venda do patrimônio para o pagamento das dívidas trabalhistas.
O dossiê, de 30 páginas, reúne
imagens de vídeo, fotos e declarações de ex-funcionários que dizem
sofrer com a falta de pagamento de
seus direitos. Quando a fábrica fechou, 700 trabalhadores foram demitidos. A empresa chegou a ter
1.500 trabalhadores.
Acusação
O sindicato acusa a juíza da 3ª
Vara Civil de Rio Claro, Cintia Andraus Carreta, de estar impedindo
a venda do patrimônio. A juíza nega a acusação e disse que só não
autorizou a venda por falta de pedido dos credores.
"É um absurdo o que ela está fazendo porque são 700 pais de família que estão em situação precária", disse o sindicalista Adriano
Roberto Mariano.
José Carlos Pereira, outro diretor
do sindicato, disse que parte do telhado da fábrica foi derrubada e
que há ferrugem em todas as máquinas.
O síndico do prédio, Jaime Marangone, responsável pela manutenção do patrimônio, não foi encontrado pela Folha.
Aparecido Costa, 37, trabalhou
de 91 a 93 na Gurgel e, depois que a
empresa faliu, não conseguiu estabilidade econômica. Atualmente,
ele trabalha em um condomínio e
ganha R$ 340. "Saí da empresa sem
receber qualquer dinheiro e não
paguei minhas contas no comércio
e nem o aluguel da casa do meu
pai, onde morava", disse.
Já Nimer de Josias Sampaio ficou
dois anos sem emprego após a saída da Gurgel. Ele trabalhou na empresa entre 91 e 94. Em depoimento dado ao sindicato, ele disse ser
ajudado por irmãos.
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