Campinas, Domingo, 08 de Outubro de 2000

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SANEAMENTO
Coordenadores do Programa Guarapiranga e Banco Mundial defendem necessidade da integração com Projeto Tietê
"Metas serão atingidas até o fim do ano"

DA REPORTAGEM LOCAL

As obras pendentes do Programa Guarapiranga, especificamente na área de saneamento, serão concluídas até dezembro e, a partir de então, as metas de coleta e exportação de esgoto da área da bacia serão cumpridas. É o que afirmam tanto o coordenador do projeto, Dirceu Yamasaki, quanto o representante da Sabesp, José Lavrador.
Entre os objetivos almejados estão a coleta de 75% do esgoto produzido na bacia da represa e seu tratamento em três estações, duas pequenas em Embu-Guaçu e outra, maior, em Barueri.
Uma das estações em Embu-Guaçu está pronta, a outra deve começar a operar em outubro, segundo a Sabesp. As estações que vão bombear o esgoto para fora da área da Guarapiranga devem estar prontas no fim do ano.
"Nós estamos hoje com a rede e os ramais que chegam até as casas das pessoas prontos, mas eles não estão interligados. Se isso acontecesse sem as estações de bombeamento estarem prontas, estaríamos fazendo com que o esgoto chegasse mais rapidamente à represa, o que seria contraproducente", afirma Lavrador.
Ele afirma ainda que a integração com o Projeto Tietê estava prevista. "Há uma grande concatenação entre os programas. O esgoto da Guarapiranga vai ser tratado em Barueri, mas isso é feito na medida da disponibilidade dos recursos. O objetivo não é jogar no rio Pinheiros, mas há uma sucessão de cronogramas", disse.
O Banco Mundial, que financia parte do programa, também defende a concatenação, apesar de afirmar que, em razão do atraso da segunda etapa do Projeto Tietê, a interligação dos dois sistemas de esgotos (da bacia do Guarapiranga e do Pinheiros) não se efetivou no prazo previsto.
Segundo o banco, o lançamento temporário dos efluentes da bacia do Guarapiranga no rio Pinheiros foi analisado no Estudo de Impacto Ambiental do programa.
As conclusões foram que o simples afastamento do esgoto da represa já representaria um grande benefício e era prioritário e que o problema de saneamento na cidade de São Paulo, por seu caráter "dramático", só pode ser enfrentado de forma gradual.
"É evidente que o objetivo geral da Sabesp é que os esgotos sejam tratados, mas isso se faz de uma maneira progressiva", afirma.
Para Dirceu Yamasaki, o programa é modelo e foi o único projeto governamental que teve aporte constante de recursos.
Legislação
A legislação de proteção de mananciais de 1976, que proibia a ocupação das áreas da bacia da Guarapiranga, é tida como uma das responsáveis pela explosão de loteamentos clandestinos e favelas na região, nos anos 80.
A proibição desvalorizou os terrenos, muitos dos quais acabaram sendo vendidos e posteriormente loteados de forma irregular.
Para uma população cada vez mais empobrecida, que não tinha condições de pagar aluguel no centro da cidade, a bacia da Guarapiranga tornou-se uma saída.
A falta de políticas públicas de habitação popular e de fiscalização do uso e ocupação do solo na região protegida, entretanto, não podem ser menosprezadas no processo de ocupação.
Nunca houve uma estrutura para fazer valer a legislação, que surgiu para tentar parar um processo de deslocamento que já havia começado nos anos 60, impulsionado pela demanda de mão-de-obra para as atividades econômicas. (MV)


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