Campinas, Segunda, 10 de maio de 1999

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TRANSPORTES
Após a demissão de 276, funcionários iniciam hoje "operação tartaruga" e ameaçam greve nesta semana
Motoristas prometem protestos hoje

GUSTAVO PORTO
free-lance para a Folha Campinas

Os 4.500 motoristas e cobradores de Campinas devem iniciar hoje, às 4h, uma "operação tartaruga", atrasando a saída dos ônibus das garagens por até duas horas e ameaçam entrar novamente em greve nesta semana.
Desde anteontem, pelo menos 274 motoristas e cobradores e dois fiscais foram demitidos pelas empresas, que alegam corte de gastos para reequilibrar o sistema.
O sindicato dos trabalhadores orientou os motoristas a não assinarem as demissões e tentam um acordo hoje, às 9h, com a Transurc (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas).
Na quarta-feira, segundo o vice-presidente do sindicato, Antonio Valério da Silva, caso não haja um acordo, haverá uma assembléia, que deve deliberar pela greve geral.
Ainda hoje, o sindicato entra com uma representação no Ministério Público do Trabalho, pedindo a apuração de excesso de trabalho de motoristas e cobradores. Segundo Silva, a jornada de trabalho fica entre 12 e 13 horas diárias. Serão usados relatórios dos motoristas e cobradores para tentar comprovar a jornada.
Na última semana, cerca de 365 mil pessoas ficaram sem o transporte coletivo, que entrou em greve após o corte de benefícios. A greve durou um dia, após a Justiça determinar o pagamento.
O diretor da Transurc Eustáquio Urzedo afirmou que pelo menos 600 funcionários das empresas serão demitidos para que o sistema seja reequilibrado.
"A única saída para reequilibrar o sistema, após 19 meses de prejuízos, é a demissão de funcionários. Nós não podemos cortar benefícios por determinação judicial, então vamos demitir", disse. Segundo ele, o prejuízo mensal das empresas que compõem a Transurc varia entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões.
"A única saída é uma reunião entre empresas, o poder público municipal e funcionários. É preciso redesenhar o sistema e acabar com o transporte dos perueiros", afirmou Urzedo.
Ele disse que não tem informações sobre uma possível greve de motoristas e cobradores e sobre o atraso dos ônibus para sair hoje da garagem.
O diretor da Transurc afirmou que pelo menos 3 milhões de pessoas são transportadas mensalmente por meio de peruas e vans, o que levou a Transurc a estudar uma redução no valor da passagem dos ônibus, que hoje custa R$ 1.
"A Transurc transporta 8,2 milhões de passageiros por mês.
Se subirmos esse número para 10,5 milhões, com a redução da passagem, conseguiremos reequilibrar o sistema", disse Urzedo.



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