Campinas, Sábado, 10 de Junho de 2000


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SOB SUSPEITA
Ex-assessores fizeram denúncias de que Petterson Prado os obrigava a devolver parte dos salários
Promotoria apura se deputado reteve salário de assessor

DA FOLHA CAMPINAS

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial sobre o Crime Organizado) e o setor de competência originária do Ministério Público Estadual estão investigando a possível retenção de parte dos salários de assessores do deputado estadual Petterson Prado (PPS), pré-candidato a prefeito de Campinas pelo partido.
As denúncias contra o deputado foram apresentadas esta semana pela Rede Globo aos promotores do Ministério Público.
O Gaeco investiga esse tipo de crime há cerca de um ano na Câmara Municipal de São Paulo e agora na Assembléia Legislativa.
A apropriação indébita de dinheiro cometida por funcionário público, no exercício da função, é crime de peculato. A pena é de reclusão de 2 anos a 12 anos, além de pagamento de multa.
As denúncias contra o deputado têm como fundamento as declarações e documentos apresentados por ex-assessores do deputado na Assembléia Legislativa à TV Globo.
O ex-motorista Wagner Lopes de Oliveira denunciou que recebia R$ 1.725 e tinha que repassar entre R$ 980 e R$ 1.000 mensalmente ao deputado.
A ex-assessora Fabiana Carnielli, afirmou que foi demitida quando ameaçou deixar de repassar o dinheiro. Ela afirmou que recebia R$ 1.730 e tinha que repassar R$ 1.200 por mês.
As denúncias feitas pelos três ex-assessores foram formalizadas ontem no Ministério Público. Eles foram ouvidos em depoimento no Gaeco.
Prado negou ontem qualquer prática criminosa e afirmou que as denúncias são infundadas e não apresentam provas.
Prado disse que os ex-assessores que o acusam foram demitidos no ano passado e um no início deste ano. Ele afirmou que as denúncias fazem parte de um complô para afetá-lo na campanha eleitoral.
Em pesquisa de intenção de voto estimulada do Datafolha, realizada no último dia 22, Prado aparece em dois dos cenários apresentados como segundo colocado, com 10%, atrás do do pré-candidato do PDT, Hélio de Oliveira Santos, o Doutor Hélio.
Os promotores do Gaeco afirmaram ontem à Folha que o material apresentado pela emissora, traz, além dos depoimentos dos três ex-assessores, documentos que podem servir de prova.
Entre os documentos apresentados estão depósitos dos ex-assessores feitos na conta do primo do deputado, Sérgio Roberto do Prado, que também trabalha em seu gabinete como assessor.
O material apresentado ao Ministério Público será avaliado pelos seis promotores do Gaeco que decidirão quais serão os próximos passos da investigação.
O vice-presidente nacional do PPS, deputado federal João Herrmann, acusou Doutor Hélio como autor das denúncias. "É denúncia do Doutor Hélio. A gente sabe de coisas piores sobre ele."
O deputado federal Doutor Hélio disse que não sabe das denúncias contra Prado. "É uma atitude de moleque do Herrmann me envolver nisso", disse.
O presidente da Assembléia Legislativa, Vanderlei Macris (PSDB), determinou que o caso seja encaminhado com urgência para a Corregedoria da Assembléia. A informação é da assessoria do deputado.


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