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VIOLÊNCIA SEXUAL
Lei, que ainda tem de ser regulamentada, prevê pagamento de um salário mínimo por mês até os 21 anos
Rio vai dar pensão para 'filhos do estupro'
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Lei sancionada na última sexta-feira pelo governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), estabelece o
pagamento de pensão de um salário mínimo para a criança que for
gerada a partir de estupro.
A mãe da criança terá que assumi-la como sua, registrando-a, e a
pensão será paga até o filho ou filha completar 21 anos.
A lei é de autoria do deputado
Paulo Melo (PSDB). Segundo pesquisa de dois anos realizada pelo
deputado, existem no Estado pelo
menos 300 mulheres, de 12 a 22
anos, que foram vítimas de violência sexual e tiveram seus filhos.
Para o deputado, o Estado tem
condições de pagar as pensões,
pois cada mulher que registrar o filho receberá 252 salários mínimos
(R$ 32.760), ao longo de 21 anos.
"Isso não é nada, para uma violência como o estupro."
O Estado deverá também colocar
gratuitamente à disposição da mulher toda a assistência pré-natal e
por ocasião do parto. Para ter direito ao apoio, a mulher terá que
apresentar o registro feito em delegacia policial na época do estupro.
O governo, segundo Melo, tem até
60 dias para regulamentar a aplicação da lei. O deputado -que já foi
menino de rua- afirmou que vai
lutar para que o programa seja gerenciado pela Secretaria de Estado
da Justiça.
Dependerá também da regulamentação se as mulheres estupradas já com filhos terão direito à
pensão. A assessoria do governador informou não ter um levantamento sobre os casos de mulheres
estupradas com filhos.
Segundo Melo, existe uma grande discussão, influenciada pela
cultura cristã, se uma vítima de estupro que engravida tem direito ou
não a abortar o feto. "Mas nunca se
discute a responsabilidade da sociedade como um todo."
Para o deputado, o governo é o
principal representante da sociedade e, se uma mulher é estuprada,
significa que "houve falhas da instituição". Por isso, caberia ao Estado dar apoio financeiro às vítimas
de estupro.
Melo disse que ninguém se preocupa se essa mulher conseguirá ter
uma vida digna para manter a
criança.
Segundo o deputado, a menina
M., de Sapucaia (RJ), que no ano
passado, aos 10 anos, anunciou
que estava grávida após ser estuprada, foi abandonada pelas pessoas que lhe prometeram ajuda.
Para o deputado, será difícil que
uma mulher monte uma história
falsa para conseguir a pensão, pois
terá de apresentar o registro criminal feito na época do estupro, antes
de saber se está grávida.
Melo prefere dizer que as cerca
de 300 mulheres catalogadas em
todo o Estado foram vítimas de
"violência sexual", e não de estupro, pois boa parte foi atacada por
namorados e até pelos pais.
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