Campinas, Sábado, 11 de Agosto de 2001

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AMBIENTE

Ministério Público requisitou resultados de exames que serão feitos em aterro pela Comissão Nacional de Energia Nuclear

Promotoria decide apurar lixo radioativo

ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

O Ministério Público vai começar a investigar as suspeitas de depósito clandestino de material radioativo no aterro industrial Mantovani, em Santo Antônio de Posse (44 km de Campinas).
A investigação será incluída no procedimento, já em andamento, que apura possíveis danos ambientais na área rural onde está localizado o aterro. O depósito funcionou entre 74 e 87 e recebeu lixo de 62 empresas.
A promotora Fabiana Dal'Mas disse ontem que pediu a um técnico da Promotoria a inclusão de um item referente a lixo atômico nos estudos solicitados às empresas acusadas pela contaminação.
O pedido da Promotoria foi feito com base na reportagem publicada ontem com exclusividade pela Folha Campinas.
O mapeamento da área afetada e a execução de algumas medidas emergências, como implementação de uma barreira hidráulica, foram orçados em R$ 6 milhões.
"Não recebi a denúncia formal do deputado [Luciano Zica] nem da Cetesb sobre a suposta existência de material radioativo no aterro", disse a promotora Fabiana.
A promotora afirmou, ainda, que vai pedir à Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) o resultado das análises que serão feitas no local depois de amanhã para anexar ao inquérito civil.
Segundo declarações de um ex-funcionário do aterro Mantovani, dadas ao deputado federal Luciano Zica (PT), o material radioativo foi depositado em uma vala de concreto e encoberto por outros resíduos líquidos.
O depósito de material atômico só pode ser feito com autorização da Cnen.
A Cetesb informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não avaliou a presença de lixo atômico no aterro porque não têm competência para fazer análises de material radioativo.
De acordo com a agência ambiental, as empresas que utilizaram o aterro não manipulavam material radioativo e, por isso, a análise não foi solicitada à Cnen.
De acordo com o presidente da Cnen, José Mauro Esteves, mesmo que as empresas não manipulem material radioativo, alguns equipamentos usados por elas pode conter essa substância.

Em andamento
A Promotoria já investiga a contaminação do lençol freático dos sítios que margeiam o aterro industrial. A água subterrânea do local pode estar contaminada por metais pesados e solventes.
Em abril desta ano, a Cetesb constatou a contaminação da água do poço do sítio Santa Adélia por 1,2-dicloroetano -substância tóxica suspeita de causar câncer em humanos.
Na próxima segunda-feira, o Ministério Público fará uma reunião com os empresários que depositavam lixo no aterro industrial.
"Nós queremos definir as clausulas do termo de ajustamento de conduta para recuperação da área afetada", disse a promotora.


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