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AMBIENTE
Ministério Público requisitou resultados de exames que serão feitos em aterro pela Comissão Nacional de Energia Nuclear
Promotoria decide apurar lixo radioativo
ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS
O Ministério Público vai começar a investigar as suspeitas de depósito clandestino de material radioativo no aterro industrial
Mantovani, em Santo Antônio de
Posse (44 km de Campinas).
A investigação será incluída no
procedimento, já em andamento,
que apura possíveis danos ambientais na área rural onde está localizado o aterro. O depósito funcionou entre 74 e 87 e recebeu lixo
de 62 empresas.
A promotora Fabiana Dal'Mas
disse ontem que pediu a um técnico da Promotoria a inclusão de
um item referente a lixo atômico
nos estudos solicitados às empresas acusadas pela contaminação.
O pedido da Promotoria foi feito com base na reportagem publicada ontem com exclusividade
pela Folha Campinas.
O mapeamento da área afetada
e a execução de algumas medidas
emergências, como implementação de uma barreira hidráulica,
foram orçados em R$ 6 milhões.
"Não recebi a denúncia formal
do deputado [Luciano Zica] nem
da Cetesb sobre a suposta existência de material radioativo no aterro", disse a promotora Fabiana.
A promotora afirmou, ainda,
que vai pedir à Cnen (Comissão
Nacional de Energia Nuclear) o
resultado das análises que serão
feitas no local depois de amanhã
para anexar ao inquérito civil.
Segundo declarações de um ex-funcionário do aterro Mantovani,
dadas ao deputado federal Luciano Zica (PT), o material radioativo foi depositado em uma vala de
concreto e encoberto por outros
resíduos líquidos.
O depósito de material atômico
só pode ser feito com autorização
da Cnen.
A Cetesb informou, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
não avaliou a presença de lixo atômico no aterro porque não têm
competência para fazer análises
de material radioativo.
De acordo com a agência ambiental, as empresas que utilizaram o aterro não manipulavam
material radioativo e, por isso, a
análise não foi solicitada à Cnen.
De acordo com o presidente da
Cnen, José Mauro Esteves, mesmo que as empresas não manipulem material radioativo, alguns
equipamentos usados por elas
pode conter essa substância.
Em andamento
A Promotoria já investiga a contaminação do lençol freático dos
sítios que margeiam o aterro industrial. A água subterrânea do
local pode estar contaminada por
metais pesados e solventes.
Em abril desta ano, a Cetesb
constatou a contaminação da
água do poço do sítio Santa Adélia
por 1,2-dicloroetano -substância tóxica suspeita de causar câncer em humanos.
Na próxima segunda-feira, o
Ministério Público fará uma reunião com os empresários que depositavam lixo no aterro industrial.
"Nós queremos definir as clausulas do termo de ajustamento de
conduta para recuperação da área
afetada", disse a promotora.
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