Campinas, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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TRANSPORTE
Clandestinos permanecem acampados desde ontem; eles querem a liberação de selo provisório
Perueiros acampam na Emdec e impedem entrada de funcionários

Frâncio de Hollanda/ Folha Imagem
Perueiros da Apac protestam em frente ao Detransp, no Jardim São Gabriel em Campinas, ontem


RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

Cerca de 180 perueiros, com 105 peruas da Apac (Associação dos Perueiros Autônomos de Campinas), estão acampados desde ontem em frente ao prédio do Detransp (Departamento de Transporte) da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas).
Os funcionários do Detransp não conseguiram entrar ontem para trabalhar.
Eles são clandestinos e querem a liberação de um selo provisório de circulação.
Um dos diretores da Apac, Sebastião Miranda, foi detido e autuado por dano qualificado. Ele teve que pagar uma fiança de R$ 150 para ser liberado.
Ele e outros oito perueiros, que ainda serão identificados pela polícia, são acusados de explodir a caixa de energia elétrica do prédio da Emdec com um rojão.
A quebra da caixa paralisou todo o sistema de comunicação da Emdec durante o dia, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campinas.
O presidente da Apac, Rubens Fernandes, também foi detido, mas acabou sendo liberado após prestar depoimento.

Acampados
Outros 74 perueiros chegou ao local na noite de anteontem. Eles dormem no local desde a noite de segunda-feira. Ontem, mais 106 chegaram ao local.
O presidente da Apac disse que o grupo deve ficar acampado até que a prefeitura decida entregar os selos provisórios para circulação.
"Dessa vez iremos tentar vencer pelo cansaço. Ficaremos acampados aqui na frente do Detransp até que eles decidam liberar nossos selos para podermos trabalhar", disse.

Polícia
O capitão Wagner Dimas Alves Pereira, que esteve no comando da ação da Polícia Militar durante o protesto, disse que eles não podem ser retirados se não estiverem perturbando o sossego.
O número de peruas até o fim da tarde de ontem tinha reduzido para 80, segundo a PM.
No acompanhamento do protesto, a Polícia Militar colocou dez policiais militares e 60 soldados Tropa de Choque, da Cavalaria e do Canil. De dentro do prédio cerca de 30 homens da Guarda Municipal, desarmados, acompanhavam a movimentação.

Reivindicação
Os perueiros decidiram ir para o prédio do Detransp, que fica no Jardim São Gabriel, depois de uma assembléia realizada na sede da Apac, que aconteceu porque a prefeitura pediu um prazo de mais oito dias para avaliar o projeto de ampliação do Stam (Sistema de Transporte Alternativo Municipal), elaborado pelos vereadores do PTB Francisco Sellin e Roberto Frati.
Pelo projeto, o número de peruas legalizadas aumentaria de aproximadamente 500 para 900. Atualmente, Campinas conta com cerca de 700 perueiros clandestinos.
"Nós cumprimos o acordo de que estaríamos parados até ontem (anteontem), quando receberíamos a resposta sobre a ampliação. Nós fizemos nossa parte", disse Fernandes.
O diretor de Transporte da Emdec, Jorge Roberto Coelho Miranda, disse que a proposta dificilmente será aprovada por apresentar impedimentos legais para sua aprovação.



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