Campinas, Sábado, 12 de junho de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NA ADMINISTRAÇÃO
Depois de seis horas de reunião, movimento é mantido; Câmara retoma idéia de impeachment
Negociações fracassam e greve continua

GUSTAVO PORTO
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

Após seis horas de negociações entre servidores públicos e o prefeito de Campinas, Francisco Amaral (PPB), fracassou ontem a tentativa de encerrar a greve da categoria, que dura 31 dias no setor da saúde, e 16 nas demais áreas.
Com o fracasso, ganhou força ontem o movimento de vereadores de oposição que quer instalar na Câmara uma CP (Comissão Processante), que pode terminar com o impeachment de Chico.
"A situação é crítica e todas as possibilidades estão sendo analisadas pelas lideranças", afirmou o vereador Dário Saadi, líder do PSDB na Câmara.
Na reunião com os servidores, o prefeito propôs a realização de uma agenda conjunta de negociações, o pagamento dos dias parados e da Unimed para os servidores que recebem até R$ 1.400, além do compromisso de não enviar projetos à Câmara cortando benefícios.
O otimismo de lideranças dos servidores após o encontro não durou muito para acabar, após as propostas serem apresentadas aos cerca de 2.000 trabalhadores que estiveram no Paço Municipal ontem, segundo a Polícia Militar.
Os servidores não aceitaram as propostas apresentadas pela prefeitura e mantêm as exigências de que não ocorram demissões, que sejam mantidos os benefícios e que 80% dos servidores comissionados sejam cortados.
"Não podemos ser acusados de intransigentes", afirmou o coordenador-geral do sindicato Fábio Custódio. Na segunda-feira, segundo ele, o sindicato busca uma nova reunião com o prefeito para tentar por fim ao impasse.

Temor
Além da situação delicada em se iniciar um processo inédito de impeachment em Campinas, vereadores que articulam o movimento temem ainda que a saída do prefeito possa piorar a situação porque o seu vice, Carlos Cruz (PMDB), tem restrições políticas na Câmara.
Vereadores não têm uma análise positiva em relação aos 15 dias em que Cruz ficou no cargo, no início de maio, e criticam a Secretaria da Educação, comandada pelo PMDB, que está sendo investigada pela própria prefeitura sob suspeita de superfaturamento na merenda escolar.
Sobre a possibilidade de impeachment, Chico afirmou estar tranquilo de que isso não vai ocorrer. "A Câmara tem direito de fazer o que quiser, mas acho que os vereadores estão mais empenhados em ajudar a cidade", afirmou o prefeito.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.