Campinas, Sexta-feira, 13 de Outubro de 2000

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ELEIÇÕES 2000
Recursos do Orçamento para 2001 destinados à construção de unidades são insuficientes em Campinas
Falta de verba deixa até 5.000 sem escola

ANA PAULA MARGARIDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O próximo prefeito de Campinas não terá verba suficiente para construir novos Cemeis (Centros de Educação Infantil) e Emeis (Escola Municipal de Educação Infantil) na cidade em 2001.
Os investimentos de R$ 535 mil para construção e reformas de Cemeis e de R$ 329 mil para Emeis, previstos no Orçamento para o próximo ano, são insuficientes para suprir o déficit de pelo menos 19 unidades escolares.
Campinas tem 5.000 crianças sem vagas em Cemeis e Emeis, segundo dados da prefeitura.
Tomando-se por base o menor valor do metro quadrado usado em uma concorrência pública (R$ 500), uma unidade escolar padrão, com 600 mē, custaria R$ 300 mil, sem contar os equipamentos para o funcionamento.
Segundo cálculos da Secretaria Municipal da Educação, uma unidade com 600 mē tem capacidade para atender 260 alunos.
Para o presidente da Aeac (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Campinas), Paulo Sérgio Saran, mesmo que o valor do metro quadrado de construção fosse reduzido para R$ 300, a verba prevista no Orçamento seria suficiente para suprir apenas metade do déficit.
"O valor mínimo só seria conseguido com construções em larga escala", disse Saran.

Verba
A verba total destinada à Secretaria da Educação para 2001 é de R$ 131 milhões. O valor corresponde a 17,2% do Orçamento estimado para 2001 -R$ 764,2 milhões.
Segundo a secretária da Educação de Campinas, Therezinha Di Giulio, mais 7,8% do Orçamento são destinados para cobrir a folha de pagamentos da secretaria. A Constituição obriga investimento de 25% do Orçamento no setor de educação.
"Campinas não verá novas creches nos próximo ano", disse o presidente da Comissão de Educação na Câmara", Sérgio Benassi (PC do B).
O Orçamento para 2001 está sendo analisado pelos vereadores e deverá ser votado até o final de novembro próximo.
Para Benassi, o problema não pode ser resolvido pelos vereadores. "A rubrica (verba) não pode ser alterada pela Câmara porque foi estabelecida com base nas regras do Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental)", informou Benassi.
O vereador do PT Carlos Signorelli elaborou uma emenda que amplia para R$ 3 milhões os gastos com educação infantil.
"Com a verba proposta pelo Executivo ou se faz manutenção ou se constrói novas unidades", disse Signorelli.
Segundo ele, quase todas as unidades precisam de algum tipo de reparo, cujo valor varia de R$ 5.000 a R$ 10 mil.
Do total de 148 unidades de educação infantil, 58 são Cemeis e 90 são Emeis.
A exigência de retenção de 15% das receitas da educação no Fundef desestabilizou os investimentos na educação infantil, segundo Therezinha Di Giulio.
"A prefeitura tem uma rede grande de educação infantil e pouca verba", declarou.
Desde o final de 97, a secretaria abriu 686 novas vagas de educação infantil. "Nenhum Cemei foi construído neste ano com recurso próprio", afirmou.
Segundo ela, a secretaria teve de investir na manutenção. Sem novas unidades, as crianças têm de aguardar até seis meses por uma vaga na creche.
"Só consegui vaga depois de uma desistência. Mesmo assim, meu filho foi para a creche no meio do ano", disse a comerciante Cirley Pereira Moreira, moradora do Nova América.
O funcionamento em período integral foi reduzido pela prefeitura para criar novas vagas.


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