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CAMPINAS, 227 ANOS
Produção de cinema de Campinas é marcada pelos ciclos dos anos 20 e 50 e do Cineclube Universitário
"João da Mata" discutia o conflito de terras
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A produção cinematográfica de
Campinas é marcada por períodos que podem ser divididos em
ciclos a partir de 1923, ano da gravação de "João da Mata", longa-metragem produzido por Amilar
Alves.
Pioneiro no cinema de Campinas, Alves era teatrólogo. O tema
central do filme é o conflito entre
latifundiários e pequenos proprietários.
"João da Mata" não tem cópias
disponíveis. Sua realização foi registrada pelo MIS (Museu da Imagem e do Som) de Campinas, em
1996, na publicação "Imagens de
um Sonho, Iconografia do Cinema Campineiro".
A publicação é uma seleção de
produções realizadas entre 1923 e
1972 restrita aos formatos de 16 e
35 milímetros, dos ciclos dos anos
20 e 50, e ao material do CCUC
(Cineclube Universitário de Campinas).
O filme que fecha o ciclo de cinema dos anos 20 é "Mocidade
Louca", de 1927, de Felippe Ricci,
que filmou a produção "A Carne", em 1925.
Ricci, morto em 1988, participou da produção de "João da Mata". Ele era de Mogi Guaçu, mudou-se para Campinas com 14
anos e estudou na Escola Normal
(atual Colégio Carlos Gomes), onde aprendeu fotografia.
Ciclo
O segundo ciclo de cinema, "Redescoberta", como é tratado em
"Imagens de um Sonho" pela pesquisadora Tereza Cristina Bertoncini Gonçalves, ainda começa
mudo, com "Escola da Fuzarca".
Curta-metragem em 16 milímetros, rodado entre 1949 e 1950, o
filme é uma experiência amadora
de Alfredo Roberto Alves, filho do
pioneiro do cinema de Campinas,
Amilar Alves.
Alfredo Roberto Alves havia
trabalhado como assistente de
iluminação, com 16 anos, nas filmagens de "João da Mata".
O curta se desenvolve em torno
de um tema ingênuo -as traquinagens dos alunos de uma pequena escola, envolvendo um severo
professor que coloca um deles de
castigo. A partir daí o menino sonha e desenvolve a história.
Sua segunda produção foi "As
Aventuras do Dr. A. Venca", em
1950, outro curta rodado em 16
milímetros. Alfredo Roberto investiu na comédia e mostrou o cotidiano de um dentista sádico.
Som
Ele reaparece dois anos depois
com o primeiro média-metragem, "Falsários", rodado em 16
milímetros, que também é a primeira produção cinematográfica
com som feita em Campinas, documentada em "Imagens de um
Sonho".
O cineasta conta a história de
um grupo de falsificadores que
tenta trocar cédulas falsas na cidade. Nos créditos da produção, Alves apresenta "Falsários" como
"um despretensioso trabalho de
amadores de cinema".
Entre 1955 e 1957 foi rodado "A
Lei do Sertão", longa-metragem
sonoro, dirigido por Antoninho
Hossri e produzido por Walter
Paulo Vieira.
O confronto de Tonico, um filho de fazendeiros, e os irmãos
Oliveira, capangas do coronel Izidoro, é a história do filme.
Com desfecho trágico, a obra
tem o próprio diretor em algumas
das filmagens da Produtora Cinematográfica Princesa D'Oeste.
Hossri já havia filmado, em
1954, "Da Terra Nasce o Ódio",
mas pela produtora Santa Rita.
Projetista e construtor de um
projetor de 35 milímetros, o protético Henrique de Oliveira Júnior
(que acompanhou filmagens de
"Mocidade Louca") encerra o ciclo iniciado nos anos 50 com o
curta "Ser".
(EF)
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