Campinas, Sábado, 14 de Julho de 2001

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CAMPINAS, 227 ANOS
Produção de cinema de Campinas é marcada pelos ciclos dos anos 20 e 50 e do Cineclube Universitário
"João da Mata" discutia o conflito de terras

FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A produção cinematográfica de Campinas é marcada por períodos que podem ser divididos em ciclos a partir de 1923, ano da gravação de "João da Mata", longa-metragem produzido por Amilar Alves.
Pioneiro no cinema de Campinas, Alves era teatrólogo. O tema central do filme é o conflito entre latifundiários e pequenos proprietários.
"João da Mata" não tem cópias disponíveis. Sua realização foi registrada pelo MIS (Museu da Imagem e do Som) de Campinas, em 1996, na publicação "Imagens de um Sonho, Iconografia do Cinema Campineiro".
A publicação é uma seleção de produções realizadas entre 1923 e 1972 restrita aos formatos de 16 e 35 milímetros, dos ciclos dos anos 20 e 50, e ao material do CCUC (Cineclube Universitário de Campinas).
O filme que fecha o ciclo de cinema dos anos 20 é "Mocidade Louca", de 1927, de Felippe Ricci, que filmou a produção "A Carne", em 1925.
Ricci, morto em 1988, participou da produção de "João da Mata". Ele era de Mogi Guaçu, mudou-se para Campinas com 14 anos e estudou na Escola Normal (atual Colégio Carlos Gomes), onde aprendeu fotografia.

Ciclo
O segundo ciclo de cinema, "Redescoberta", como é tratado em "Imagens de um Sonho" pela pesquisadora Tereza Cristina Bertoncini Gonçalves, ainda começa mudo, com "Escola da Fuzarca".
Curta-metragem em 16 milímetros, rodado entre 1949 e 1950, o filme é uma experiência amadora de Alfredo Roberto Alves, filho do pioneiro do cinema de Campinas, Amilar Alves.
Alfredo Roberto Alves havia trabalhado como assistente de iluminação, com 16 anos, nas filmagens de "João da Mata".
O curta se desenvolve em torno de um tema ingênuo -as traquinagens dos alunos de uma pequena escola, envolvendo um severo professor que coloca um deles de castigo. A partir daí o menino sonha e desenvolve a história.
Sua segunda produção foi "As Aventuras do Dr. A. Venca", em 1950, outro curta rodado em 16 milímetros. Alfredo Roberto investiu na comédia e mostrou o cotidiano de um dentista sádico.

Som
Ele reaparece dois anos depois com o primeiro média-metragem, "Falsários", rodado em 16 milímetros, que também é a primeira produção cinematográfica com som feita em Campinas, documentada em "Imagens de um Sonho".
O cineasta conta a história de um grupo de falsificadores que tenta trocar cédulas falsas na cidade. Nos créditos da produção, Alves apresenta "Falsários" como "um despretensioso trabalho de amadores de cinema".
Entre 1955 e 1957 foi rodado "A Lei do Sertão", longa-metragem sonoro, dirigido por Antoninho Hossri e produzido por Walter Paulo Vieira.
O confronto de Tonico, um filho de fazendeiros, e os irmãos Oliveira, capangas do coronel Izidoro, é a história do filme.
Com desfecho trágico, a obra tem o próprio diretor em algumas das filmagens da Produtora Cinematográfica Princesa D'Oeste.
Hossri já havia filmado, em 1954, "Da Terra Nasce o Ódio", mas pela produtora Santa Rita.
Projetista e construtor de um projetor de 35 milímetros, o protético Henrique de Oliveira Júnior (que acompanhou filmagens de "Mocidade Louca") encerra o ciclo iniciado nos anos 50 com o curta "Ser". (EF)


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