Campinas, Sexta-feira, 16 de Junho de 2000


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VIOLÊNCIA
Assaltantes espancam, jogam álcool e ameaçam pôr fogo
Prefeito de Jaguariúna é feito refém por 2 horas

LUCIANO CALAFIORI
DA FOLHA CAMPINAS

O prefeito de Jaguariúna, Antônio Maurício Hossri (PMDB), 66, dois filhos e sua mulher foram mantidos como reféns por pelo menos duas horas por quatro homens encapuzados e armados durante um assalto anteontem em sua casa.
Os assaltantes -que levaram dinheiro, um carro Golf e jóias- mantiveram Hossri e seus familiares amarrados em uma despensa e sob tortura psicológica por todo o tempo da ação na casa.
Eles fugiram e a polícia de Jaguariúna (29 km de Campinas) não tem pistas. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso.
Segundo a polícia, a quadrilha jogou álcool no corpo do prefeito e ameaçou atear fogo se ele não dissesse onde estava o dinheiro e as jóias. Um dos invasores chegou a acender um fósforo.
Hossri não quis se pronunciar ontem sobre o assalto.
Há uma semana, o prefeito de Sumaré (26 km de Campinas), Dirceu Dalben (PPS), também foi surpreendido por assaltantes em sua casa.
O prefeito de Jaguariúna e um dos filhos foram espancados, mas sem ferimentos graves, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura. Eles foram agredidos com pancadas e pisões nas costas.
O filho agredido foi rendido quando chegava em casa, às 19h. Com todas as luzes apagadas, ele foi rendido facilmente, segundo a assessoria do prefeito.
Os integrantes da quadrilha que Hossri é prefeito da cidade e disseram que queriam US$ 400, segundo a assessoria.
Eles disseram ainda ter intenção de levar um dos filhos como refém e enviar um pedaço da orelha com o pedido de resgate.
A prática de cortar pedaços da orelha de vítimas de sequestro é utilizada pela família Oliveira, responsável por 18 sequestros na região de Campinas. A polícia e a prefeitura descartam a participação dos Oliveira na ação.
Para o delegado-titular de Jaguariúna, Osmar Adorni, os assaltantes devem ser de Campinas, pois o carro do prefeito foi deixado na cidade.
O policial afirmou ainda desconfiar que moradores de Jaguariúna passaram informações sobre Hossri para a quadrilha. "Esses bandidos chegaram mencionando que a vítima era prefeito", disse o delegado.
A Folha tentou falar com o prefeito, mas, segundo sua assessoria, ele foi orientado pelos médicos a não conceder entrevistas .
Por causa do assalto ocorrido anteontem, medidas de segurança devem ser tomadas pelo prefeito em sua casa.

Descrédito
Os números registrados pela Delegacia Seccional de Polícia de Campinas mostram que a criminalidade cresceu 144% na cidade nos últimos cinco anos.
No município, a taxa de homicídios ficou em 55,8 por 100 mil habitantes em 1999. Em São Paulo, o índice foi de 55 por 100 mil habitantes e, no Rio de Janeiro, 49.
A maioria dos eleitores de Campinas acredita que as Polícias Militar e Civil são pouco ou nada eficientes no combate e prevenção ao crime na cidade, segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 4.
A avaliação da PM feita pelos entrevistados é péssima. Para 87% deles, a PM é pouco (51%) ou nada (36%) eficiente na prevenção ao crime. Em relação ao combate à criminalidade, 87% acham que a instituição é pouco ou nada eficiente.
A Polícia Civil também teve avaliação ruim quanto ao combate. Dos entrevistados, 85% acham que a Civil é pouco (52%) ou nada (33%) eficiente no combate ao crime. Somente 5% disseram que há muita eficiência.


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