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VIOLÊNCIA
Assaltantes espancam, jogam álcool e ameaçam pôr fogo
Prefeito de Jaguariúna é feito refém por 2 horas
LUCIANO CALAFIORI
DA FOLHA CAMPINAS
O prefeito de Jaguariúna, Antônio Maurício Hossri (PMDB), 66,
dois filhos e sua mulher foram
mantidos como reféns por pelo
menos duas horas por quatro homens encapuzados e armados durante um assalto anteontem em
sua casa.
Os assaltantes -que levaram
dinheiro, um carro Golf e jóias-
mantiveram Hossri e seus familiares amarrados em uma despensa e sob tortura psicológica por
todo o tempo da ação na casa.
Eles fugiram e a polícia de Jaguariúna (29 km de Campinas)
não tem pistas. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso.
Segundo a polícia, a quadrilha
jogou álcool no corpo do prefeito
e ameaçou atear fogo se ele não
dissesse onde estava o dinheiro e
as jóias. Um dos invasores chegou
a acender um fósforo.
Hossri não quis se pronunciar
ontem sobre o assalto.
Há uma semana, o prefeito de
Sumaré (26 km de Campinas),
Dirceu Dalben (PPS), também foi
surpreendido por assaltantes em
sua casa.
O prefeito de Jaguariúna e um
dos filhos foram espancados, mas
sem ferimentos graves, segundo a
assessoria de imprensa da prefeitura. Eles foram agredidos com
pancadas e pisões nas costas.
O filho agredido foi rendido
quando chegava em casa, às 19h.
Com todas as luzes apagadas, ele
foi rendido facilmente, segundo a
assessoria do prefeito.
Os integrantes da quadrilha que
Hossri é prefeito da cidade e disseram que queriam US$ 400, segundo a assessoria.
Eles disseram ainda ter intenção
de levar um dos filhos como refém e enviar um pedaço da orelha
com o pedido de resgate.
A prática de cortar pedaços da
orelha de vítimas de sequestro é
utilizada pela família Oliveira, responsável por 18 sequestros na região de Campinas. A polícia e a
prefeitura descartam a participação dos Oliveira na ação.
Para o delegado-titular de Jaguariúna, Osmar Adorni, os assaltantes devem ser de Campinas,
pois o carro do prefeito foi deixado na cidade.
O policial afirmou ainda desconfiar que moradores de Jaguariúna passaram informações sobre Hossri para a quadrilha. "Esses bandidos chegaram mencionando que a vítima era prefeito",
disse o delegado.
A Folha tentou falar com o prefeito, mas, segundo sua assessoria, ele foi orientado pelos médicos a não conceder entrevistas .
Por causa do assalto ocorrido
anteontem, medidas de segurança devem ser tomadas pelo prefeito em sua casa.
Descrédito
Os números registrados pela
Delegacia Seccional de Polícia de
Campinas mostram que a criminalidade cresceu 144% na cidade
nos últimos cinco anos.
No município, a taxa de homicídios ficou em 55,8 por 100 mil habitantes em 1999. Em São Paulo, o
índice foi de 55 por 100 mil habitantes e, no Rio de Janeiro, 49.
A maioria dos eleitores de Campinas acredita que as Polícias Militar e Civil são pouco ou nada eficientes no combate e prevenção
ao crime na cidade, segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 4.
A avaliação da PM feita pelos
entrevistados é péssima. Para
87% deles, a PM é pouco (51%) ou
nada (36%) eficiente na prevenção ao crime. Em relação ao combate à criminalidade, 87% acham
que a instituição é pouco ou nada
eficiente.
A Polícia Civil também teve avaliação ruim quanto ao combate.
Dos entrevistados, 85% acham
que a Civil é pouco (52%) ou nada
(33%) eficiente no combate ao
crime. Somente 5% disseram que
há muita eficiência.
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