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SISTEMA CARCERÁRIO
Rebelião começou às 15h, após invasão e resgate de detentos; três policiais ficam feridos
Presos se rebelam e fazem cem reféns em Piracicaba; motim deixa um morto
RICARDO BRANDT
ANA PAULA SCINOCCA
free-lance para a Folha Campinas
Os 670 presos da Cadeia de Piracicaba (80 km de Campinas) iniciaram uma rebelião às 15h de ontem e mantinham, até as 22h, pelo
menos cem reféns, entre carcereiros e parentes de detentos.
Eles se rebelaram depois de um
resgate de pelo menos 20 presos
durante o horário de visitas. Um
detento morreu e três policiais
-dois civis e um militar- ficaram feridos.
Policiais e detentos trocaram tiros até as 20h30 de ontem.
Os presos amotinados estavam
armados com uma metralhadora,
seis espingardas calibre 12, seis
pistolas e 11 revólveres calibre 45,
roubados do depósito da cadeia.
Às 21h15 de ontem, os presos libertaram 20 reféns. Dois carcereiros também foram soltos no início das negociações.
Os presos exigiam liberdade, segundo informou o detento Oliel
Ribeiro ao major Antonio Marcolino Vieira, comandante da Polícia Militar.
Ribeiro liderava a rebelião, segundo o major Vieira, responsável pelas negociações com os presos.
Segundo o major, um plano de
invasão já estava sendo definido
no início da noite. A tropa de choque da PM estava com cem homens em prontidão na frente da
cadeia. Ao todo, o cerco ao prédio
estava sendo feito por pelo menos
300 policiais civis e militares, para
tentar evitar uma fuga em massa.
Resgate
A rebelião teve início após um
resgate de presos durante o horário de visita. Pelo menos 20 detentos conseguiram fugir.
Segundo a Polícia Civil de Piracicaba, um grupo de pelo menos
cinco homens, armados com metralhadora e espingardas calibre
12, invadiu a cadeia por volta das
15h. Os homens renderam os carcereiros de plantão e trocaram tiros com policiais.
O soldado da PM Waldemar
Rota foi atingido com um tiro no
olho. Ele estava sendo operado na
noite de ontem.
Outros dois policiais civis também foram baleados. Eles foram
atingidos nos braços e nas pernas.
Os feridos foram levados ao Hospital dos Plantadores de Cana de
Piracicaba.
Os cinco homens que invadiram a cadeia conseguiram fugir,
segundo a polícia.
Após a troca de tiros entre a
quadrilha e os policiais, os detentos iniciaram a rebelião. Eles tomaram todo o prédio da cadeia.
O detento Anderson de Souza
foi morto durante tiroteio.
Até as 22h de ontem, a polícia
ainda estava tentando negociar
com os presos.
Foram pedidos reforços para as
Polícias Civil e Militar de Campinas, Limeira e Rio Claro. A tropa
de choque da PM de Campinas
também foi chamada para controlar a situação.
A polícia tentava evitar que os
presos chegassem até a guarita da
cadeia e, consequentemente, tivessem um campo de visão
maior.
No início da noite, os detentos
exigiram a presença da imprensa
para soltar os reféns.
Por volta das 20h30, os presos
atearam fogo em uma sala da administração da cadeia, onde parte
dos processos dos detentos estava
guardada. As negociações não haviam terminado até as 22h.
O tráfego na rodovia SP-147,
que liga Limeira a Piracicaba, onde fica a cadeia, foi bloqueado pela Polícia Rodoviária desde as 19h
de ontem.
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