Campinas, Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000


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SISTEMA CARCERÁRIO
Rebelião começou às 15h, após invasão e resgate de detentos; três policiais ficam feridos
Presos se rebelam e fazem cem reféns em Piracicaba; motim deixa um morto

RICARDO BRANDT
ANA PAULA SCINOCCA

free-lance para a Folha Campinas

Os 670 presos da Cadeia de Piracicaba (80 km de Campinas) iniciaram uma rebelião às 15h de ontem e mantinham, até as 22h, pelo menos cem reféns, entre carcereiros e parentes de detentos.
Eles se rebelaram depois de um resgate de pelo menos 20 presos durante o horário de visitas. Um detento morreu e três policiais -dois civis e um militar- ficaram feridos.
Policiais e detentos trocaram tiros até as 20h30 de ontem.
Os presos amotinados estavam armados com uma metralhadora, seis espingardas calibre 12, seis pistolas e 11 revólveres calibre 45, roubados do depósito da cadeia.
Às 21h15 de ontem, os presos libertaram 20 reféns. Dois carcereiros também foram soltos no início das negociações.
Os presos exigiam liberdade, segundo informou o detento Oliel Ribeiro ao major Antonio Marcolino Vieira, comandante da Polícia Militar.
Ribeiro liderava a rebelião, segundo o major Vieira, responsável pelas negociações com os presos.
Segundo o major, um plano de invasão já estava sendo definido no início da noite. A tropa de choque da PM estava com cem homens em prontidão na frente da cadeia. Ao todo, o cerco ao prédio estava sendo feito por pelo menos 300 policiais civis e militares, para tentar evitar uma fuga em massa.

Resgate
A rebelião teve início após um resgate de presos durante o horário de visita. Pelo menos 20 detentos conseguiram fugir.
Segundo a Polícia Civil de Piracicaba, um grupo de pelo menos cinco homens, armados com metralhadora e espingardas calibre 12, invadiu a cadeia por volta das 15h. Os homens renderam os carcereiros de plantão e trocaram tiros com policiais.
O soldado da PM Waldemar Rota foi atingido com um tiro no olho. Ele estava sendo operado na noite de ontem.
Outros dois policiais civis também foram baleados. Eles foram atingidos nos braços e nas pernas. Os feridos foram levados ao Hospital dos Plantadores de Cana de Piracicaba.
Os cinco homens que invadiram a cadeia conseguiram fugir, segundo a polícia.
Após a troca de tiros entre a quadrilha e os policiais, os detentos iniciaram a rebelião. Eles tomaram todo o prédio da cadeia.
O detento Anderson de Souza foi morto durante tiroteio.
Até as 22h de ontem, a polícia ainda estava tentando negociar com os presos.
Foram pedidos reforços para as Polícias Civil e Militar de Campinas, Limeira e Rio Claro. A tropa de choque da PM de Campinas também foi chamada para controlar a situação.
A polícia tentava evitar que os presos chegassem até a guarita da cadeia e, consequentemente, tivessem um campo de visão maior.
No início da noite, os detentos exigiram a presença da imprensa para soltar os reféns.
Por volta das 20h30, os presos atearam fogo em uma sala da administração da cadeia, onde parte dos processos dos detentos estava guardada. As negociações não haviam terminado até as 22h.
O tráfego na rodovia SP-147, que liga Limeira a Piracicaba, onde fica a cadeia, foi bloqueado pela Polícia Rodoviária desde as 19h de ontem.


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