Campinas, Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Média dos primeiros 15 dias do ano é 21% superior à de 99; foram 24 assassinatos até ontem
Campinas tem 1,7 homicídio por dia

RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas

Nos 15 primeiros dias de janeiro deste ano, 1,7 assassinato foi registrado por dia pela Polícia Civil de Campinas. A média é superior ao registrado ao longo do ano passado, quando aconteceram 1,4 assassinatos por dia.
Até a madrugada de ontem, a polícia registrou 24 assassinatos.
A polícia não forneceu os dados comparativos em relação aos 15 primeiros dias de 99.
No mês inteiro de janeiro do ano passado, aconteceram 55 assassinatos.
O delegado-seccional de Campinas, Josué Ferreira Ribeiro, disse que é comum o aumento de casos de homicídios durante o verão.
"Nesse período quente do ano há maior consumo de bebidas alcoólicas e também as pessoas ficam mais tempo fora de casa aumentando o risco de brigas", disse o delegado.
Na madrugada de anteontem, a polícia registrou o assassinato de um taxista, morto em serviço com um tiro na cabeça.
O taxista Paulo Roberto de Almeida, 45, foi baleado após tentar reagir a um assalto, segundo a polícia (leia texto ao lado).
Somente neste último fim-de-semana, cinco pessoas foram assassinadas desde a noite de sexta-feira até a tarde de ontem.
Na madruga de sábado, um homem identificado pela polícia como Ataíde Resende Filho foi assassinado com 18 tiros no bairro San Martim.

Homicídios
O número de homicídios em Campinas cresceu 111,1% em cinco anos, segundo dados estatísticos da Delegacia Seccional.
O número de assassinatos subiu de 251 casos em 1995 para 530 casos no ano passado.
Nos últimos cinco anos houve aumento de apenas 6% no número de habitantes.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população cresceu de 896 mil em 1995 para 950 mil em 99.
Há cinco anos, aconteciam 28 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.
No último ano, foram registrados 54 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.
O delegado-seccional afirmou que a maior parte dos homicídios está relacionada ao tráfico e uso de drogas.
O professor de sociologia jurídica da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Gessé Marques Júnior, aponta o crack como o principal motivo para o aumento dos homicídios.
Segundo ele, a "fissura" (necessidade de uso da droga) do crack para o viciado é algo incontrolável, levando-o a atos extremos para conseguir o dinheiro necessário para comprar a droga.
"O viciado nessa droga perde o limites para conseguir consumir, chegando até a matar", disse o sociólogo.
Para ele, a legalização das drogas seria o primeiro passo para a redução dos crimes.
Para o delegado, o homicídio é um crime de difícil prevenção, pois só começa a ser investigado somente depois que o fato ocorreu.
"Podemos estar com uma viatura em frente uma casa, onde dentro dela pode estar ocorrendo um assassinato, sem que saibamos", disse Ribeiro.

Latrocínio
Dos 24 assassinatos registrados neste início de ano, três casos são de latrocínio (roubo seguido de morte).
No início da última semana, o comerciante José Carlos Lara, 52, foi baleado na cabeça e morreu em um roubo em sua loja, no Jardim Londres.


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